O fotógrafo português João Rodrigues foi premiado esta terça-feira na entrega de prémios de fotografia Wildlife Photographer of the Year — na categoria répteis e anfíbios — com uma imagem de duas salamandras-de-costelas-salientes perto de um lago. “Foi a primeira chance em cinco anos para conseguir aceder ao lago que apenas surge em invernos excecionalmente chuvosos” e onde costumam habitar os animais, descreve a organização.

“É um sonho tornado realidade. Obrigado. Obrigado aos júris por reconhecer o meu trabalho, mas mais importante por me dar a oportunidade de mostrar ao mundo a magia de um dos mais raros e frágeis ecossistemas de Portugal”, agradeceu João Rodrigues na cerimónia de entrega de prémios. “Na realidade, esta fotografia representa mais do que uma floresta e a fauna. De uma maneira representa a beleza de todos os ecossistemas que se podem perder para sempre devido à ação humana”, acrescentou.

João Rodrigues salientou ainda que “nunca foi urgente lutar contra a poluição e a destruição de lugares naturais”. “É tão difícil para dar prioridade à água?”, questionou.

Na categoria principal, o prémio de fotografia do ano foi entregue ao francês Laurent Ballesta pela fotografia “Criação” de duas garoupas a desovar. “A imagem resulta tão bem em todos os níveis. É surpreendente, enérgica e intrigante e tem uma beleza que vai além das palavras”, nota Rosamund Cox, presidente do jurado, acrescentando: “Captura um momento mágico — uma explosão da criação da vida”.

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Segundo a visão de Doug Gurr, diretor do Museu de História Natural — que também organiza a cerimónia — a fotografia revela “o mundo subaquático” e traduz-se num “momento fascinante do comportamento animal que muitos poucos testemunharam”. A imagem “Criação” foi captada na Polinésia Francesa. Para a tirar, Laurent Ballesta foi durante cinco anos a uma lagoa para não perder a desova que ocorre anualmente durante a lua cheia de julho.

Noutras categorias, o prémio de fotografia do ano de vida selvagem tirada por crianças com menos de 10 anos foi entregue ao indiano Vidyun R Hebbar, pela imagem de uma aranha que formava uma teia. “É uma maneira imaginativa de fotografia uma aranha”, descreve Rosamund Cox. A jurada Natalie Cooper, investigadora do Museu de História Natural, também elogia a imagem, caractarizando-a como um “lembrete para olhar mais de perto os pequenos animais com que vivemos todos os dias”.

Com um total de 19 galardões entregues, os prémios Wildlife Photographer of the Year premiaram a beleza “cativante” da natureza com “habitats ricos, comportamento animal fascinante e espécie extraordinários”. Na edição de 2021, a organização decidiu criar dois novos prémios. Um dedicado aos oceanos que foi conquistado por Jennifer Hayes com uma fotografia com urso polares e outro para alertar para a situação nos ecossistemas, ganho por Javier Lafuente com uma imagem de uma estrada no meio de uma floresta.

As fotografias são avaliadas de forma anónima pelos jurados, que apreciam a sua originalidade, narrativa, técnica e prática. São depois expostas no Museu de História Natural, em Londres.