As vacinas de mRNA administradas em doentes oncológicos tiveram mais sucesso a desencadear uma resposta imunitária com anticorpos do que as vacinas baseadas em adenovírus, concluiu um estudo com 211 doentes oncológicos em Portugal, segundo um comunicado de imprensa do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC). No entanto, a resposta em doentes imunossuprimidos foi pior.

Estes dados evidenciam que nos doentes a receber terapias imunossupressoras [comparativamente a outras terapias], a resposta às vacinas contra a Covid-19 é menos eficaz, não só na capacidade de gerar anticorpos como também nos níveis gerados”, lê-se no comunicado.

De forma geral, entre os 211 participantes, 43% desenvolveu anticorpos após a primeira dose e 83% tinha anticorpos tinha anticorpos após o esquema vacinal estar completo.

Os resultados são ainda preliminares, mas revelam que 90,5% das pessoas que tomaram as vacinas de mRNA da Moderna ou da Pfizer/BioNTech desenvolveram anticorpos, contra 65% das pessoas que tomaram as vacinas baseadas em adenovírus da AstraZeneca ou Janssen (Johnson & Johnson).

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No entanto, entre os tomaram uma vacina de mRNA, apenas 88% dos que estavam a fazer tratamentos imunossupressores (quimioterapia ou terapêutica-alvo) produziram anticorpos, contra 98% dos que foram sujeitos a outros tratamentos para o cancro.

OMS recomenda administração da terceira dose para imunossuprimidos e para quem tomou vacinas chinesas

Os resultados estão em linha com a defesa de uma terceira dose nos doentes imunossuprimidos, como Portugal vai fazer e a Organização Mundial de Saúde acabou por admitir. Em Portugal, a terceira dose para os doentes imunosuprimidos deverá ser de uma vacina de mRNA (Moderna ou Pfizer/BioNTech), “independentemente do esquema inicial realizado”, segundo a norma atualizada da Direção-Geral da Saúde.

A equipa de investigação vai continuar a acompanhar os doentes por um ano para perceber como se mantém a resposta imunitária ao longo do tempo e qual o impacto da terceira dose nestes doentes.

O projeto Info-vac já tinha avaliado a eficácia das vacinas em profissionais de saúde e professores e conclui que “a resposta à vacinação, em particular à vacina da Astrazeneca, em doentes oncológicos parece ser menos eficaz comparativamente à observada nos grupos de profissionais de saúde e de educação”.

O estudo com doentes oncológicos foi desenvolvido pelo IGC e pelo Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (anteriormente Hospital Amadora-Sintra). Os primeiros resultados do estudo foram apresentados, em setembro, no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO).