A pandemia de Covid-19 esteve esta quarta-feira bem presente na homilia do arcebispo primaz do Brasil no Santuário de Fátima, onde foram lembrados, principalmente, os que sofrem e os enlutados pela doença.

Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, perante milhares de fiéis que assistiram às cerimónias finais da última peregrinação aniversária do ano à Cova da Iria, exortou à oração “pelos que mais sofrem as consequências da pandemia, os enfermos, os pobres, as famílias enlutadas e todos os que se encontram mais fragilizados“.

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“Nós rezamos unidos aos enfermos da Covid-19 suplicando a graça da recuperação de sua saúde”, afirmou o arcebispo, acrescentando: “Rezamos unidos às famílias enlutadas que sofrem com a perda dos seus entes queridos“.

Depois, numa passagem que remeteu quem assistia para a situação vivida no seu país de origem, onde mais de 601 mil pessoas já morreram vítimas da Covid-19 e mais de 21,5 milhões foram infetadas, com o Presidente Jair Bolsonaro a manifestar irritação quando questionado sobre o elevado número de óbitos, o arcebispo Sérgio da Rocha deixou uma palavra de “estima e gratidão” aos profissionais de saúde.

“Nós rezamos, com especial estima e gratidão, pelos profissionais da saúde, por todos que cuidam dos doentes nos hospitais e nas casas, com tanta dedicação e generosidade, e pelos que se dedicam à vacinação portadora de esperança”, disse o prelado brasileiro, acrescentando reconhecer “os passos que têm sido dados na superação da pandemia“, mas defendendo ser necessário “continuar a cuidar e da saúde com responsabilidade”.

O arcebispo de São Salvador da Bahia, na sua homilia, apelou ainda ao respeito pelo “templo” que é o corpo de cada um, ao afirmar que “o profundo respeito e o zelo pelo templo edificado com pedras devem ser acompanhados da mesma atitude por cada pessoa e por cada comunidade eclesial, onde Deus fez a sua morada”.

“A vida e a dignidade de cada pessoa necessitam ser reconhecidas, defendidas e promovidas, pelos que oram no templo e pelos que formam o templo vivo do Senhor, sem excluir ninguém de nosso amor fraterno”, acrescentou, antes de se referir também ao processo sinodal iniciado no passado fim de semana pelo papa Francisco.

Este processo, segundo Sérgio da Rocha, é “uma ocasião especial” para o crescimento “na vivência da participação, comunhão e missão da Igreja”.

“Vamos participar sempre mais e ajudar os nossos irmãos a participarem da Igreja. Procuremos caminhar sempre mais unidos e prontos para assumir a missão evangelizadora da Igreja no mundo de hoje”, disse o arcebispo brasileiro.

Sérgio da Rocha, arcebispo que foi convidado para presidir à peregrinação de maio de 2020 no Santuário de Fátima, o que não aconteceu devido à pandemia de Covid-19, terminou a sua homilia voltando ao tema dos cuidadores dos mais desfavorecidos, pedindo o “louvor a Deus e a sincera gratidão aos que se dedicam ao cuidado dos enfermos, dos pobres e sofredores”.

A peregrinação, que esta quarta-feira celebra a 6.ª Aparição de Nossa Senhora, com particular destaque para o chamado “Milagre do Sol“, é a última grande peregrinação aniversária de um ano pastoral ainda muito marcado pela pandemia, “apesar de nesta data estar em curso um progressivo e responsável desconfinamento”.

Nas cerimónias estão a participar 48 grupos organizados, sendo 19 deles portugueses, das dioceses do Algarve, Aveiro, Beja, Bragança-Miranda, Coimbra, Évora, Lamego, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Porto, Setúbal e Vila Real, informou o departamento de informação do Santuário de Fátima.

Os restantes grupos inscritos são oriundos de países estrangeiros, com destaque para a Itália, com oito grupos, a França, com cinco, e a Espanha, com três.

Alemanha, Bélgica, El Salvador, Eslováquia, Irlanda, Polónia, Reino Unido, Estados Unidos da América e Suíça são outros países com grupos organizados quarta-feira em Fátima, onde também se encontra um grupo de filipinos residentes na Holanda.