A concessionária das minas de Moncorvo deu início à extração de duas mil toneladas diárias de agregado de ferro de alta densidade, certificado, provenientes do depósito da Mua, revelou esta quarta-feira à Lusa o presidente da empresa.

Estamos a vender o material diretamente na mina a uma empresa internacional revendedora que assegura toda a parte logística. Neste momento estamos a extrair cerca de duas mil toneladas de agregado de ferro de alta densidade, certificado, por dia, matéria-prima que o nosso cliente vem buscar aqui ao cabeço da Mua “, concretizou o presidente da Aethel Mining Limited, Ricardo Santos Silva.

O projeto mineiro instalado no cabeço da Mua, no concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, foi retomado no dia 13 março de 2020, após 38 anos de abandono, estando previsto um investimento de 550 milhões de euros para os próximos 60 anos.

Ricardo Santos Silva adiantou que estão a ser feitas mais de 50 viagens de camião para o transporte do agregado de alta densidade, que é depositado num espaço apropriado situado na Zona Industrial do Larinho, em Torre de Moncorvo, e que segue depois segue por via terrestre para vários pontos, ao critério do cliente.

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De acordo com o empresário, cada camião poderá transportar entre 24 e 28 toneladas de agregado de ferro de alta densidade, numa operação que será efetuada durante um ano.

“Para já esta fase de negócio vai durar cerca de um ano, e depois há a previsão de termos outros clientes, numa outra fase de exploração que terá a duração de cinco anos”, explicou.

O empresário garantiu que todas esta operação de extração de minério já criou cerca de meia centena de postos de trabalhos diretos e indiretos o que se refletiu na economia do concelho de Torre de Moncorvo, visto que há movimento em setores como a hotelaria e restauração, comércio em geral e posto de abastecimento de combustível , entre os outros ramos de atividade.

É com muita satisfação que conseguimos reativar a extração mineira no concelho de Torre de Moncorvo, que esteve tantos anos parada”, vincou Ricardo Santos Silva.

De acordo com o empresário, todos os planos de segurança e impacto ambiental estão a ser cumpridos conforme estipulado nas mais diversas avaliações feitas pelas entidades competentes para este efeito.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, disse que esta reativação mineira significa a concretização de um projeto que já vem de há longos anos e uma batalha que não foi fácil.

“Tudo isto é demonstrado pela quantidade de camiões que circulam nas nossas estradas e nas pessoas que ficam no concelho de Torre de Moncorvo. O número de empregos diretos e indiretos é bom para este território. Espero que o número de empregos venha a aumentar e que a extração de inertes e de minério seja aumentada”, frisou o autarca.

A Aethel Mining Limited é uma “empresa britânica detida exclusivamente” pelo português Ricardo Santos Silva e pela norte-americana Aba Schubert, “que já havia recebido a aprovação da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em novembro de 2019, para assumir o controlo da mina de Torre de Moncorvo”, que é tida como um “depósito de minério de ferro muito significativo no coração da Europa”.

As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros.

A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas.