A criação de um “ambiente tecnológico” que promova o crescimento económico em zonas rurais e o respeito pelas comunidades locais está na base de um projeto europeu que tem o Alentejo como uma das “regiões-piloto”.

“É um projeto que visa desenvolver comunidades inteligentes”, ou seja, criar “uma forma de utilizar e de encarar o digital que respeite as comunidades e as pessoas”, explicou esta quinta-feira à agência Lusa o coordenador do projeto, Marcos Nogueira.

Liderado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, o projeto AURORAL, que conta com financiamento comunitário de 15 milhões de euros, arrancou no início de 2021 e tem uma duração de quatro anos.

Segundo os promotores, o AURORAL, com o apoio de 25 parceiros tecnológicos, vai desenvolver aplicações inovadoras nas áreas da agricultura, turismo, mobilidade, energia e saúde em oito regiões-piloto de sete países, incluindo o Alentejo.

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“É uma grande ambição desenvolver esse quadro tecnológico comum, garantindo interoperabilidade de serviços digitais para as comunidades inteligentes, segurança, transparência da utilização dos dados e um mercado de serviços que pode juntar novos investidores”, disse o responsável.

Ao mesmo tempo, o objetivo é “servir melhor as comunidades, mesmo quando elas se situam em regiões predominantemente rurais”, sublinhou.

Na região alentejana, adiantou o coordenador do projeto e também representante do Alentejo em Bruxelas, estão em curso oito projetos-piloto e “há abertura para que sejam mais”.

A primeira fase do AURORAL consiste no “desenvolvimento de tecnologia”, em que os projetos-piloto têm “efeitos quase laboratoriais” e cujo resultado “é a criação desse ambiente tecnológico comum no qual funcionam as soluções digitais”, disse.

Marcos Nogueira indicou que, numa segunda fase, os parceiros tecnológicos vão criar, “dentro desse ambiente, serviços digitais para as comunidades” e, num terceiro momento, serão desafiados outros interessados “para que outros se juntem ao projeto”.

A última fase, revelou, será a construção, juntamente com as instituições europeias, de “uma plataforma de investimento que permita responder às necessidades, que vão desde a infraestruturação até a capacitação”.

Além dos 15 milhões de euros para investimento tecnológico do projeto, haverá, pelo menos, mais “50 milhões de euros para a plataforma de investimento”, afirmou.

Marcos Nogueira disse esperar que, no próximo ano, possam ser divulgados “resultados interessantes” de como os projetos-piloto podem “trabalhar numa ótica de multi-interoperabilidade”.

Por exemplo, um projeto piloto finlandês na área da mobilidade pode ser utilizado no Alentejo e o nosso de mobilidade inteligente, com serviço de transporte a pedido, pode ser utilizado noutras regiões”, notou.

O AURORAL abrange Portugal, Áustria, Noruega, Suécia, Finlândia, Itália e Espanha.