O cabeça de lista do movimento independente de Rui Moreira à Assembleia Municipal do Porto, Miguel Pereira Leite, decidiu não apresentar a sua recandidatura na sequência do acórdão de governação entre o movimento “Aqui Há Porto” e o PSD.

Em comunicado, o movimento do independente Rui Moreira, reeleito presidente da Câmara Municipal do Porto, afirma esta quarta-feira que após o acordo de governação com o PSD, Miguel Pereira Leite “decide não se recandidatar à presidência da Assembleia Municipal do Porto”.

“Na sequência das conversações que têm existido ao longo das últimas semanas na sequência dos resultados eleitorais do passado dia 26 de setembro, algumas das quais que já vêm sendo objeto de vários comentários na imprensa, foi alcançado um princípio de acordo que torna possível assegurar a governabilidade da cidade ao longo dos próximos quatros anos”, afirma o documento, citando uma carta de Miguel Pereira Leite dirigida aos membros do movimento.

Porto. Rui Moreira e PSD chegam a acordo de governação para futuro mandato

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Afirmando que em conversações com Rui Moreira lhe foi transmitido que o acordo com o PSD “assegura as condições essenciais de governabilidade”, o cabeça de lista do movimento à Assembleia Municipal do Porto salienta que os acordos “têm sempre condições de parte a parte”.

“Deste acordo, resulta a exigência pela outra parte de ser atribuído ao seu candidato o lugar de presidente da Assembleia Municipal”, refere, acrescentando que, mediante o acordo que será “formal e público”, tomou a decisão de não apresentar a sua candidatura.

“Esta é uma decisão minha, pessoal e inalienável”, assegura.

Na missiva, Miguel Pereira Leite diz tomar tal decisão por “lealdade, respeito, consideração e gratidão” a todos os membros do movimento independente, a Rui Moreira e à cidade do Porto e seus concidadãos.

Nunca temi as eleições, mas também nunca estive agarrado a cargos ou lugares e esse foi sempre o valor que também no uniu”, acrescenta.

O movimento do independente Rui Moreira, reeleito presidente da Câmara Municipal do Porto sem maioria, e o PSD estabeleceram um acordo de governação e acordaram medidas para os próximos quatro anos de mandato, foi esta quarta-feira revelado.

Em comunicado, o movimento do independente Rui Moreira “Aqui Há Porto” avança esta quarta-feira que o PSD, “respeitando o princípio de que quem ganha as eleições autárquicas governa”, mostrou-se disponível para apoiar uma solução que incorpore algumas das principais propostas para a cidade.

A redução da carga fiscal, a transferência de competências para as freguesias, a mobilidade, a criação de uma rede de creches e a redução da fatura da água são algumas das propostas que unem o PSD e o movimento independente depois de uma “reflexão no sentido de construir uma solução de governabilidade para a cidade” entre o movimento e o PSD.

“Este acordo é feito com o objetivo de garantir a estabilidade governativa e acordar medidas para o futuro da cidade”, acrescentam.

O PSD não terá representação nos pelouros do executivo, nem nas empresas municipais.

No entanto, na Assembleia Municipal, o PSD irá apresentar a candidatura de Sebastião Feyo de Azevedo, antigo reitor da Universidade do Porto, como candidato a presidente da mesa.

“Esta candidatura será subscrita e apoiada pelo Movimento Aqui Há Porto”, assegura o movimento.

A mesa da Assembleia Municipal do Porto foi durante os últimos dois mandatos presidida por Miguel Pereira Leite, do movimento independente, que “não será recandidato ao cargo”, afirma, citado no comunicado o presidente do “Porto, O Nosso Movimento”, Francisco Ramos.

Sem maioria no executivo, o independente Rui Moreira foi reeleito no dia 26 de setembro presidente da Câmara do Porto, tendo o Bloco de Esquerda (BE) eleito, pela primeira vez, um vereador, enquanto o PS perdeu um e o PSD duplicou o mandato de 2017.

Segundo os dados divulgados na noite eleitoral pelo Ministério da Administração Interna (MAI), o movimento independente Rui Moreira: Aqui Há Porto! obteve 40,72% dos votos, elegendo seis vereadores, não tendo conseguido reeditar a maioria absoluta conquistada nas autárquicas de 2017.

Por seu turno, a oposição elegeu sete mandatos — três do PS, dois do PSD e a CDU e o Bloco um cada.

À semelhança da vereação, o independente Rui Moreira obteve 34,51% dos votos para a assembleia municipal, mas também sem maioria e perdendo um deputado.

Neste órgão, o PS perdeu três deputados (oito), o PSD ganhou três (oito), CDU, BE e PAN mantêm o número de deputados e o Chega elege o primeiro.

Também nas freguesias, o movimento independente Aqui Há Porto conquistou cinco das seis freguesias a que se candidatou.

A freguesia de Paranhos mantém-se PSD e em Campanhã o independente decidiu apoiar o socialista e atual presidente da junta, Ernesto Santos, que foi reeleito.

No Porto, foram a votos nestas eleições o Movimento independente “Rui Moreira: Aqui há Porto” — apoiado por IL, CDS, Nós Cidadãos, MAIS -, Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre).