Foi adiada pela segunda vez a decisão final do caso do empresário acusado de burlar quatro pessoas em 348 mil euros na venda de supostas ações de empresas que teriam patenteado chips capazes de detetar cancro. A leitura do acórdão esteve marcada para 10 de setembro, no Tribunal São João Novo, no Porto, mas os juízes anunciaram uma possível alteração não substancial dos factos da acusação.

A leitura do acórdão fico então reagendada para esta quinta-feira, mas isso voltou a não acontecer, uma vez que o advogado de defesa, Ricardo Serrano Vieira, apresentou um requerimento esta noite informando que teve um contacto de alto risco por Covid-19 e não pode estar presente. Também o arguido, António Coelho, de 64 anos, faltou à sessão sem apresentar qualquer justificação, adiando o momento para o próximo dia 26 de outubro. Depois de comunicada uma possível alteração não substancial dos factos, no prazo estipulado de 20 dias a acusação não apresentou qualquer meio de prova, fazendo apenas saber que o arguido pretende prestas declarações na próxima sessão, marcada para 26 de outubro.

Leitura do acórdão do caso de burlas com chips para detetar cancro adiada

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O empresário está acusado de quatro crimes de burla qualificada e um de falsificação de documento. Natural do Porto e atualmente com 64 anos, António Coelho terá burlado quatro pessoas, duas delas médicos, ao vender falsas ações de empresas que teriam patenteado um chip injetável para detetar precocemente o cancro, segundo uma acusação do Ministério Público.

De acordo com a acusação, António Coelho desenvolveu um “esquema de persuasão muito requintado e cauteloso”. Começava por desenvolver uma amizade com os seus alvos e, para demonstrar credibilidade, dizia-se “uma pessoa bastante influente, com grande poder económico”  — e até, num dos casos, amigo da empresária angolana Isabel dos Santos.

Das quatro vítimas, das quais obteve 348 mil euros, o responsável de uma clínica de estética do Porto foi o maior lesado. Em 2012, acabou por transferir 250 mil euros para a conta do arguido para comprar ações da Ulley Group Suisse, SA, a empresa que deteria a patente do tal chip. Só que essa empresa, segundo o Ministério Público, não tinha existência legal.

As alegadas burlas arrastaram-se durante vários anos e só foram travadas quando foi apresentada queixa contra o empresário. Acusado em 2019, António Coelho começou a ser julgado em março.