Um novo estudo revela que trabalhadores de uma mina de sal na Áustria já consumiam queijo azul e cerveja há 2.700 anos. A descoberta só foi possível depois de analisados excrementos humanos encontrados no coração da mina de Hallstatt, nos Alpes austríacos — a temperatura constante, de aproximadamente 8 °C, e a alta concentração de sal no local permitiram a conservação das fezes.
Citado pelo britânico The Guardian, Frank Maixner, microbiologista no instituto italiano Eurac Research, em Bolzano, e o principal investigador do estudo divulgado esta quarta-feira na publicação Current Biology, assegura estar surpreendido pelo facto de estes mineiros serem avançados o suficiente para “utilizar [o processo de] fermentação de forma intencional”, algo que na opinião de Maixner é “muito sofisticado”.
'The finding was the earliest evidence to date of cheese ripening in Europe, according to researchers.' Blue cheese and beer enjoyed by miners working in Austria's Hallstatt Mine up to 2,700 years. https://t.co/Qmpp0IE2WR
— Jenny Linford (@jennylinford) October 14, 2021
A descoberta, segundo estes autores, é a evidência mais antiga registada até agora da maturação de queijo na Europa. As fezes destes mineiros mostram ainda a primeira evidência molecular do consumo de cerveja no continente à data. Kerstin Kowarik, do Museu de História Natural em Viena, comenta ao mesmo jornal que é cada vez mais óbvio que alimentos processados complexos, bem como a técnica da fermentação, tiveram “um papel proeminente na nossa história alimentar inicial”.
Ao todo foram analisadas quatro amostras de fezes, uma da idade do bronze, duas da idade do ferro e uma quarta do século XVIII. Aquela com 2.700 anos continha dois fungos (Penicillium roqueforti e Saccharomyces cerevisiae), os quais são atualmente usados na preparação de alimentos. A dieta dos mineiros foi também ela estudada, sendo composta pelo consumo de cereais, fruta, feijão e carne.