Depois do positivo empate sem golos contra o Bayern Munique, na primeira jornada dos grupos da Liga dos Campeões e na estreia de uma equipa portuguesa de futebol feminino na fase final da competição, o Benfica deslocava-se a França para defrontar o Lyon. O mesmo Lyon que entre 2011 e 2020 conquistou sete vezes a liga milionária, incluindo em quatro ocasiões consecutivas. Nada que travasse a vasta ambição das encarnadas.

“Sabemos que vai ser muito complicado. Mas enfrentar equipas como a do Lyon é sempre uma grande motivação — não só para mim como também para a equipa. Queremos abordar este jogo da mesma forma ou, pelo menos, melhor do que contra o Bayern. É uma responsabilidade carregar esta camisola e este símbolo. O Benfica deve ser respeitado não só em Portugal como na Europa e a nossa intenção é honrá-lo. Vamos dar tudo pelo Benfica dentro de campo. Queremos mostrar o quão grande é este clube”, explicou Lúcia Alves, que foi a melhor jogadora do Benfica contra o Bayern, na antevisão da partida.

A gasolina acabou mas o ponto ficou: Benfica consegue travar Bayern numa estreia histórica na fase de grupos da Champions

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, contra o Lyon, a equipa de Filipa Patão apresentava Cloé Lacasse enquanto referência ofensiva, sendo apoiada por Ana Vitória, Kika Nazareth e Andreia Faria. No meio-campo, Pauleta e Beatriz Cameirão eram responsáveis pela zona mais recuada e, no banco de suplentes, o Benfica contava ainda com Matilde Fidalgo, Christy Ucheibe e Valéria. Do outro lado, as francesas lançavam Delphine Cascarino, Melvine Malard e Selma Bacha no ataque, com a norte-americana Catarina Macario e a holandesa van de Donk a serem os grandes destaques no meio-campo. Amandine Henry, uma das melhores jogadoras do mundo e normalmente médio defensivo, atuava a central, enquanto que o banco contava com a norueguesa Ada Hegerberg, vencedora da Bola de Ouro em 2018.

Na primeira parte, o Benfica não conseguiu esconder as diferenças que separam as duas equipas. Bacha rematou para boa defesa de Letícia (6′), Malard acertou no poste (8′), Henry atirou ao lado (11′) e as encarnadas iam demonstrando muitas dificuldades para conseguirem sair do próprio meio-campo. A primeira jogada mais ofensiva da equipa de Filipa Patão surgiu já perto do quarto de hora, num contra-ataque em que Lacasse conseguiu mesmo rematar para defesa de Endler (13′), e o Benfica só conquistou o primeiro pontapé de canto já perto da meia-hora. Meia-hora que acabou por coincidir com o momento em que a defesa das encarnadas cedeu.

Na sequência de um pontapé de canto cobrado por Catarina Macario e de um primeiro alívio de Letícia, a bola bateu nas costas de Catarina Amado e acabou por sobrar para a central Kadeisha Buchanan, que abriu o marcador (29′). Escassos dois minutos depois, o Lyon aumentou a vantagem: a capitã Pauleta perdeu a bola em zona proibida, van de Donk aproveitou para recuperar a posse e ainda combinar com Malard antes de bater Letícia (31′). Ao intervalo, o Benfica estava a perder com o Lyon e tinha apenas dois remates contra 16 das francesas.

No arranque da segunda parte, a treinador Sonia Bompastor tirou Damaris Egurrola e lançou Alice Sombath, de apenas 17 anos. O Lyon, contudo, pouco ou nada demorou a dilatar a vantagem: com Macario novamente na origem da jogada, Malard arriscou, lançou-se num pontapé de bicicleta e bateu Letícia pela terceira vez (53′). Três minutos depois, a própria Catarina Macario inscreveu o nome na ficha de jogo e levou o resultado para a goleada, convertendo uma grande penalidade cometida por Carole Costa (56′). Depois do quarto golo das francesas, Filipa Patão ainda trocou Ana Vitória, Beatriz Cameirão e Andreia Faria por Christy Ucheibe, Valéria e Marta Cintra mas já pouco mudou. Até ao fim, Buchanan ainda bisou, com um cabeceamento depois de um canto de Bacha (63′), e fechou a goleada.

Depois do extraordinário empate sem golos contra o Bayern Munique, o Benfica sofreu as naturais dores de crescimento de uma equipa que está a evoluir e a adaptar-se a uma nova realidade europeia. Com a vitória das alemãs contra as suecas do Häcken, no outro jogo do Grupo D, as encarnadas estão atualmente no terceiro lugar do grupo.