Os secretários de Estado Adjunto e da Saúde e das Comunidades portugueses disseram esta quinta-feira à Lusa que a área da Saúde é o foco da viagem que iniciaram ao Brasil e que resultará num memorando de entendimento.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, chegou na noite de quarta-feira ao Brasil, onde ficará até sábado, tendo encontros previstos com Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um centro de investigação médica de referência na América Latina e vinculado ao executivo brasileiro, com o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, e com o Instituto Butantan, um dos maiores produtores de produtos imunobiológicos do país.

“Há aqui uma situação muito importante nesta minha visita com a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, que é a Saúde como centralidade, estando a Saúde em todas as políticas. Talvez seja uma das primeiras vezes em que a Saúde está com os Negócios Estrangeiros numa visita exterior, numa área de reforço positivo, que é esta centralidade as políticas de Saúde”, disse à Lusa Lacerda Sales, que se encontra no Rio de Janeiro para a primeira estapa da viagem.

O secretário de Estado considerou a visita à Fiocruz “muito importante”, uma vez que a Fundação brasileira tem uma estratégia de internacionalização onde Portugal é “centro nevrálgico”, nomeadamente através de uma parceria que está a ser feita entre a Universidade de Aveiro, a própria Fiocruz e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

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“No fundo trata-se de uma plataforma internacional para a Ciência, Tecnologia e Inovação e, portanto, o objetivo é a construção de um centro internacional de investigação em Saúde. (…) Isto é muito importante porque a Fiocruz, de alguma forma, reconhece que a sua estratégia de internacionalização passa muito pelo nosso país e pela criação de um cluster [agrupamento] luso-brasileiro da Saúde”, afirmou Lacerda Sales.

Nesse sentido, o secretário de Estado revelou ainda que Nísia Trindade Lima encontra-se a “estudar a implementação de uma estrutura-fábrica para produção de produtos biofarmacêuticos na região norte de Portugal, em Matosinhos”.

Sendo a integração da saúde e da ação social a tónica da deslocação dos Secretários de Estado ao Rio de Janeiro, ainda esta quinta-feira participarão na comemoração do centenário da Obra Portuguesa de Assistência (OPA).

Já na sexta-feira, em Brasília, serão cossignatários, com a Santa casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), de um memorando de entendimento para a criação de uma rede de hospitais beneficentes com a marca “Portugal Saúde”, que propõe um aprofundar da cooperação entre hospitais dos dois países e envolve mais de uma dezena de associações a atuar no Brasil.

Ainda em Brasília, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde irá encontrar-se com o ministro Marcelo Queiroga, onde abordarão questões relacionadas com a pandemia e com ajudas mútuas entre os dois países, com Sales a relembrar a doação de 400 mil vacinas por parte de Portugal ao Brasil prevista para o próximo mês.

É uma relação bilateral de grande reforço e muito importante, porque além de nos permitir reforçar laços de amizade e vínculos ancestrais, permite-nos colocar a Saúde com centralidade em ambos os países”, frisou, em declarações à Lusa.

Já Berta Nunes ficará no Brasil até ao final da próxima semana, tendo encontros planeados com as comunidades do Rio de Janeiro, Brasília, São Luís do Maranhão, Belém do Pará e Manaus.

“Esta é uma viagem a locais do Brasil que ainda não tinha visitado, embora já tenha estado no Rio de Janeiro. Um dos nossos principais objetivos da viagem é estar com as nossas comunidades, com a nossa rede consular e também partilhar com o secretário de Estado da Saúde algumas ações na área da Saúde”, disse.

Segundo Berta Nunes, é muito importante para as comunidades portuguesas do norte do Brasil “esta proximidade” e, nesse sentido, irá ao seu encontro, assim como dos cônsules honorários, dirigentes associativos e instituições de cariz social, que se destacam pela sua ação ao serviço da população e particularmente da comunidade portuguesa.

“O Brasil é um país continental e onde nós temos uma das maiores comunidades, com cerca de um milhão de portugueses e lusodescendentes. Embora nos nossos consulados tenhamos 800 mil inscritos, sabemos que temos ainda muitos pedidos de nacionalidade. A nossa comunidade é muito forte e espalhada por todo o Brasil, por isso, não é só numa visita que conseguirei estar com todos”, explicou Berta Nunes.