O assassinato de um deputado após um ataque com uma arma branca durante um encontro com eleitores não foi caso único no Reino Unido. Outros políticos britânicos, como Jo Cox, Stephen Timms e Andrew Pennington, acabaram por morrer ou ficaram gravemente feridos em casos com contornos semelhantes ao de David Amess.

Morreu o deputado britânico esfaqueado em encontro com eleitores

Família da deputada Jo Cox diz que morte de David Avees traz de volta “memórias antigas”

Pertencente ao Partido Trabalhista, a deputada da região de Batley and Spen Jo Cox estava a deslocar-se para um encontro com os eleitores, no início da tarde de dia 16 de junho de 2016, que se iria realizar numa biblioteca em Bristall. Momentos antes de entrar, foi surpreendida por um homem de 52 anos que a esfaqueou e a alvejou, ao mesmo tempo que gritava “Reino Unido, primeiro”.

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A mulher foi assistida por equipas médicas no local, mas acabou por não resistir aos ferimentos. O homicida era um jardineiro que estava ligado a um partido de extrema-direita, num momento em que se vivia uma forte crispação política no país, devido à proximidade com o referendo do Brexit. Jo Cox defendia a permanência do país na União Europeia, enquanto Thomas Mair era um fervoroso apoiante da saída do país da organização.

O homem de 52 anos acabou por ficar em prisão perpétua e nunca mostrou qualquer arrependimento do crime. De acordo com alguns conhecidos, Thomas Mair sofrera de distúrbios mentais ao longo da vida.

Após o assassinato, o marido da deputada decidiu criar uma associação em nome da mulher com o objetivo de tornar o mundo “mais justo, bondoso e tolerante”. Esta sexta-feira, na sua conta pessoal do Twitter, Brendan Cox escreveu que o episódio da morte de David Avees “traz tudo de volta”: “A dor, a perda, mas também o amor que o público nos deu após a perda da Jo”. “Espero que também possamos fazer o mesmo pelo David”, apelou.

Stephen Timms foi esfaqueado por uma estudante de 21 anos

Em maio de 2010, Stephen Timms, na altura deputado do Partido Trabalhista em East Ham, foi esfaqueado duas vezes na zona abdominal durante um encontro com eleitores. O político esteve em risco de vida, tendo sofrido uma perfuração gastrointestinal, mas acabou por sobreviver.

A autora do crime foi Roshonara Choudhry, uma estudante de 21 anos, que se queria “vingar” pela guerra do Iraque, devido ao apoio do político trabalhista à participação no conflito. A jovem não tinha antecedentes criminais, mas tinha-se juntado recentemente a um grupo extremista islâmico. À agressora, foi-lhe depois aplicada uma pena de prisão perpétua.

Comentando o ataque desta sexta-feira, o deputado trabalhista escreveu na sua conta pessoal do Twitter que ficou “chocado” com o que aconteceu com David Avees.

Andrew Pennington: o assistente que salvou a vida de Nigel Jones

Numa audição aos eleitores em 2000, o deputado do partido Liberal Democrata Nigel Jones foi subitamente atacado por um homem com uma espada de samurai. Um dos assistentes do político, Andrew Pennington, veio em seu auxílio e também acabou esfaqueado.

Enquanto Nigel Jones ficou com graves ferimentos nas mãos, Andrew Pennington acabou mesmo por morrer, após ter esfaqueado seis vezes nas costas.

O responsável pelo crime, Robert Ashman, sofria de problemas mentais após ter ficado desempregado e ter ficado falido. Um dos seus principais objetivos passava por candidatar-se a um cargo político e, para isso, atendeu a 50 audições públicas no espaço de oito ano para tentar contar com o apoio de Nigel Jones.

Segundo a BBC, como nunca tivera tido uma resposta, Robert Ashman decidiu atacar violentamente o deputado. Entretanto, ficou em prisão preventiva, foi culpado pela morte de Robert Ashman, mas viu a pena reduzida devido a problemas do foro psíquico. Esteve preso num estabelecimento prisional especial, de onde foi libertado em 2008.

No Reino Unido, é habitual que, num dia por semana — geralmente a sexta-feira —, os eleitores contactem com os deputados do seu círculo eleitoral. Depois do ataque desta sexta-feira, é esperado que as autoridades reforcem a vigilância para possíveis agressões.