A chanceler alemã, Angela Merkel, agradeceu este sábado ao Presidente turco, Recep Erdogan, pela cooperação em várias áreas, mas reiterou críticas aos cortes nas liberdades e direitos na Turquia.

“Não estamos na escola para estar aqui a dar notas”, disse a chefe de Governo cessante, durante uma conferência de imprensa em Istambul, na sua digressão de despedida após 16 anos no cargo.

Com aquela frase, em resposta a uma pergunta, Merkel conseguiu evitar ter de avaliar as suas relações com Erdogan, que atravessou várias crises, preferindo antes sublinhar as ações de cooperação entre a Alemanha e a Turquia, na construção de infraestruturas.

“Do ponto de vista geoestratégico, dependemos uns dos outros; falamos do Afeganistão, dos talibãs, de África; tivemos sempre interesses comuns”, disse a chanceler alemã, que logo de seguida não poupou críticas a uma outra face do regime turco.

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“Mas em termos de direitos humanos e liberdades individuais, sempre fiz críticas e também sempre discutimos essas questões”, lembrou Angela Merkel.

Questionada sobre casos específicos de cidadãos alemães presos na Turquia sob acusações “políticas”, Merkel respondeu que, embora alguns deles tenham sido resolvidos favoravelmente, “há sempre novas situações”.

Na conferência de imprensa conjunta, Erdogan disse que as relações com Berlim no passado “teriam sido muito diferentes se não fosse pelo Governo de coligação alemão”, explicando que “com uma coligação tudo é sempre muito mais difícil” e aproveitando para elogiar o sistema presidencialista turco.

Nesse momento, Merkel saiu em defesa do modelo político alemão, dizendo que “as coligações têm funcionado sempre bem”.

Merkel mostrou-se ainda grata pela luta da Turquia contra a migração clandestina e contra o tráfico ilegal de pessoas, lembrando que, no âmbito do acordo de migração com Ancara, a União Europeia já transferiu 4,5 mil milhões de euros dos seis mil milhões prometidos para ajudar os refugiados sírios.

No que diz respeito à situação na Líbia, Merkel sublinhou a necessidade de permitir eleições nesse país o mais rapidamente possível, admitindo que “todas as forças estrangeiras, como as que vêm do Sudão ou da Síria”, têm de se retirar antes desse ato eleitoral.