No habitual espaço de comentário político na SIC, Luís Marques Mendes considerou este domingo que os desenvolvimentos da última semana entre o Governo e os habituais parceiros parlamentares desequilibraram a balança da aprovação do Orçamento do Estado. Diz Marques Mendes que há neste momento “60% de hipóteses de o OE ser viabilizado e 40% de hipóteses de chumbo” sendo que é necessário que a racionalidade se sobreponha à irracionalidade para que o Orçamento seja viabilizado. Sobre um cenário de chumbo e crise política, assevera Marques Mendes “era suicídio” para comunistas e bloquistas.

“A generalidade dos portugueses, goste ou não do Governo, quer estabilidade. Ficavam [PCP e BE] responsáveis por uma crise altamente impopular. E por derrubarem um governo de esquerda. Podiam pagar uma fatura pesada, como foi no PEC4. Neste momento nenhum português quer uma crise”, disse o comentador político considerando que somar uma crise política à atual situação social e económica “era a tempestade perfeita”.

E as alterações à legislação laboral pedidas pela esquerda podem trazer problemas na Europa a Costa. Luís Marques Mendes apontou o exemplo de Espanha, que ainda não tem o plano de recuperação e resiliência aprovado. Diz o comentador político que Bruxelas exige a Espanha que faça mudanças nas leis laborais e que o mesmo pode acontecer em Portugal caso haja mexidas no “núcleo central da legislação laboral”.

“Libertação de Armando Vara é uma vergonha para a política e justiça”

Além da crise política e respetivos cenários de aprovação ou chumbo do Orçamento do Estado, Marques Mendes comentou ainda a libertação de Armando Vara que saiu da prisão na última segunda-feira. Diz Marques Mendes que Vara “beneficiou de uma lei execional que já devia estar revogada”.

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Vara foi libertado ao abrigo do regime excecional de flexibilização da execução de penas no âmbito da Covid-19, algo que Marques Mendes diz já não fazer sentido.

“Governo e deputados não fizeram o que deviam ter feito. Uma vergonha para a justiça, por causa dos políticos”, considerou Marques Mendes.

Rio é “único culpado” da derrota que teve no Conselho Nacional. Rangel em “melhores condições que qualquer outro”

A vida interna do PSD também mereceu a reflexão de Marques Mendes que diz que Rio “cometeu um erro e teve uma pesada derrota” numa tentativa de se “agarrar ao lugar”. “Em poucas semanas passou de vencedor nas autárquicas a derrotado dentro do partido”, considerou notando que desde que a candidatura de Rangel se tornou um cenário Rio “tem dado vários sinais de hesitação e de medo”.

Diz Marques Mendes que há “fadiga política” no PSD e que “militantes e eleitores do PSD estão cansados de Rui Rio”. “Cansaram-se do estilo de Rio e da forma frouxa como faz oposição. É por isso que Rio hesita e dá sinais de medo: ele sente que já não tem os apoios que tinha”, apontou.

Do outro lado, com a apresentação já da candidatura de Paulo Rangel, Marques Mendes diz que o candidato está “em melhores condições do que qualquer outro, para fazer a unidade do partido”. Diz que o candidato tem três vantagens políticas muitos fortes que vão desde a capacidade de agregar em torno da sua liderança, a qualidade do pensamento político e a forma de fazer oposição.