Pelo menos 36% das mulheres moçambicanas são vítimas de violência praticada por um parceiro íntimo ao longo da vida e a campanha “Dê Esperança a 1001 Rositas” quer aliar as crenças religiosas a mensagens para travar os números.

A campanha surge em homenagem à ativista Rosita Muchanga que morreu em fevereiro vítima de violência protagonizada pelo ex-marido.

A relação já tinha terminado, mas a mulher não tinha de um lugar seguro para se alojar, o que “tornou-a vulnerável”, descreve a Plataforma Inter-Religiosa de Comunicação para a Saúde (Pircom) na nota de apresentação da campanha.

O Tribunal Provincial de Sofala, no centro de Moçambique, condenou-o na sexta-feira a 24 anos de prisão e multa de 300 mil meticais (quatro mil euros) à família da vítima.

Rosita apoiava a sua comunidade através da criação de grupos de raparigas para as formar acerca de emancipação, prevenção do HIV e violência baseada no género.

Dados recentes indicam que a prevalência da violência por um parceiro íntimo ao longo da vida, em mulheres com idades entre 15 e 24 anos, varia entre 36% e 47,8% em Moçambique, segundo um estudo citado pela Pircom, sendo a violência psicológica a mais relatada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Dê Esperança a 1001 Rositas” quer mudar as estatísticas evitando que mais mulheres, raparigas e rapazes sofram violência no país e, por isso, tem estado a passar em “outdoors” ao longo de Maputo mensagens de sensibilização e prevenção, “associando-as a escrituras sagradas das religiões mais praticadas em Moçambique”.

“Nos outdoors há imagens de líderes religiosos com mensagens sobre a violência baseada no género alinhadas com as sagradas escrituras. Passam também em televisões e em rádios comunitárias”, frisou a Pircom.

O objetivo da iniciativa é criar uma “reflexão e maior consciência” à volta da violência por parceiro íntimo, violência doméstica contra crianças, adolescentes e jovens e violência baseada no género.

Além de outdoors, as mensagens são divulgadas por líderes comunitários, através de órgãos de comunicação, plataformas digitais e redes sociais.

A campanha é promovida pela Pircom, o Ministério do Género, Criança e Ação Social de Moçambique e a associação ComuSanas.