A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) e a Câmara do Comércio de Pequenas e Médias Empresas de Portugal-China (CCPC-PME) assinaram esta sexta-feira um protocolo que visa estreitar relações comerciais entre empresários açorianos e chineses.

“A exportação para a China é complexa, do ponto de vista legal, e todas as empresas dos Açores, a partir deste momento, encontram na câmara de comércio Portugal-China PME o interlocutor necessário para facilitar todo o processo administrativo e burocrático junto das entidades chinesas“, afirmou, em declarações aos jornalistas, à margem da assinatura do protocolo, o presidente da CCAH, Marcos Couto.

O protocolo, assinado esta sexta-feira em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, identifica o setor agroalimentar e o turismo como áreas de possível colaboração entre os empresários dos Açores e da China.

Segundo Marcos Couto, há possibilidade de captação de investimento chinês para “alavancar algumas empresas” nos Açores, mas também de exportação de produtos como “o leite, o leite em pó, os queijos e a manteiga, eventualmente”.

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Existem nichos de mercado onde os nossos produtos podem entrar. Nunca teremos capacidade para grande escala, mas teremos capacidade dentro dos nichos de mercado e é nisso que vamos trabalhar”, apontou.

Para o presidente da associação empresarial, o transporte não será um constrangimento, mas “há questões burocráticas que têm de ser ultrapassadas, do ponto de vista do registo das empresas açorianas junto do Governo chinês para permitir essa exportação”.

“O apoio da câmara de comércio Portugal-China pode ser essencial no ultrapassar desta questão burocrática e administrativa”, salientou.

Marcos Couto adiantou ainda que a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo vai tentar “estender” este acordo ao Governo Regional dos Açores.

O presidente da Câmara do Comércio de Pequenas e Médias Empresas de Portugal-China, Y Ping Chow, admitiu que fazer um negócio com a China “não é fácil”, alegando que os empresários açorianos têm de “estudar melhor e ver a capacidade de fornecimento”, “ver os preços e os transportes”.

“Desde que haja empresas com capacidade, com um bom preço, com um bom artigo e que tenha interesse para os consumidores chineses, temos 18 pontos que podem servir aos Açores”, afirmou, alegando que a CCPC-PME tem representação em 18 províncias e cidades chinesas.

Y Ping Chow considerou que o turismo “pode ser uma atividade interessante”, não para atrair turistas chineses aos Açores, mas investidores “à procura de oportunidades de negócios”.

“Há possibilidade de trazer alguns empresários aqui, principalmente, dos setores do leite e queijos ou até mesmo do turismo e da economia do mar”, salientou.

A câmara de comércio Portugal-China está “a tentar criar um fundo de desenvolvimento para investir no agroalimentar e no turismo”, que pode chegar a 30 milhões de euros.

“Há possibilidade de se criarem bons projetos e tenho a certeza de que temos capacidade de trazer algumas empresas para investir em determinados setores nos Açores”, adiantou o presidente da associação empresarial.

Y Ping Chow destacou ainda o potencial da economia do mar nos Açores, área que disse ser “muito interessante e muito importante para a China”.

“A nossa câmara tem um protocolo com o Mundo Atlântico, que é uma associação que tem ligações com 56 cidades do litoral. Posso fazer esta ligação dos Açores com o Mundo Atlântico”, afirmou.

O presidente da câmara de comércio Portugal-China lembrou que a cidade de Angra do Heroísmo, onde assinou o acordo, tem “uma geminação com uma cidade chinesa”, alegando que se pode “aproveitar para melhorar esta relação entre as câmaras”.

“A cidade que tem geminação tem sete ou oito milhões [de pessoas]. Se conseguirmos trabalhar bem com esta cidade, já é um mercado muito grande para as empresas dos Açores”, sublinhou.