O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, afirmou esta segunda-feira que a atual situação no Afeganistão, com os talibãs no poder, não diminuiu a importância da presença militar portuguesa no país até à retirada das forças internacionais.

“Os desenvolvimentos recentes no Afeganistão, com o retrocesso civilizacional que, receamos todos, poderão traduzir, em nada diminuem o resultado do vosso esforço e empenho”, disse Ireneu Barreto numa receção aos elementos do contingente madeirense do Exército que esteve destacado no país entre janeiro e maio.

O pelotão, composto por 37 elementos do Regimento de Guarnição N.º 3, localizado no Funchal, foi colocado no Aeroporto Internacional de Cabul, capital do Afeganistão, sendo responsável pela vigilância e pela trasfega de combustível.

O contingente madeirense, que esta segunda-feira foi recebido no Palácio de São Lourenço, residência oficial do representante da República, no Funchal, incluía também dois elementos afetos ao Estado Maior.

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“Queríamos que o país prosperasse da melhor forma, mas nós viemos com um sentimento de missão cumprida”, disse o capitão José Silva, em declarações aos jornalistas.

O militar, que integrava o Estado Maior, sublinhou que a tomada do poder pelos talibãs “não foi o rumo que as forças internacionais queriam para o Afeganistão”, mas garantiu que estas fizeram o possível pela estabilidade do país.

“Enquanto as forças da NATO, de que fizemos parte, lá estiveram, nós garantimos a segurança e a estabilidade dentro do possível e das condições que o país tinha“, declarou.

À parte a missão militar, que decorreu sem feridos ou problemas de maior, o capitão José Silva diz que o que mais marcou o contingente madeirense foram as saudades da família, apesar de haver boas comunicações, e o contacto com uma “realidade completamente diferente”.

“É fácil de descrever, mas difícil de entender, porque só vivendo, só passando pela experiência”, disse.

O representante da República para a Madeira também sublinhou o facto de todos os elementos do contingente destacado no Afeganistão terem voltado “sãos e salvos”, apesar dos “perigos e esforços inimagináveis”, num cenário geográfico, político e cultural “tão inóspito e tantas vezes hostil”.

Ireneu Barreto afirmou que as “elevadas expectativas” que todos tinham naquela missão se cumpriram totalmente.

“Estou certo que deixaram, todos vós, em cada uma das pessoas com quem contactaram, aquela semente de humanidade e solidariedade que é a marca das intervenções das nossas Forças Armadas pelo Mundo, em tantas missões ao abrigo de compromissos internacionais”, disse.

Os talibãs conquistaram Cabul a 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO, que se encontravam no país desde 2001, na sequência do combate à Al-Qaida após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.