A Associação Jornada Principal (AJP) apelou esta segunda-feira à intervenção do Presidente da República no aterro da Recivalongo, em Valongo, que acusam de ter insetos “prejudiciais para a saúde” e estar “em cima” de casas e escolas.

No final da visita à Escola Básica e Secundária de Campo, em Valongo, distrito do Porto, Marcelo Rebelo de Sousa encontrou à porta do estabelecimento de ensino uma manifestação promovida pela AJP, que entregou documentação e pediu a intervenção do chefe de Estado.

O Presidente da República esteve alguns minutos à conversa com os cerca de dez populares que o aguardavam, e fez algumas perguntas aos membros da associação e ao presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, também presente na visita à escola, sobre o aterro em Sobrado, concelho de Valongo.

O representante da AJP, António Vale, explicou aos jornalistas que este movimento tem enviado cartas para vários ministérios, como da Educação ou Ambiente, e a todos os grupos parlamentares, mas tem recebido “respostas vagas”.

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E alertou para os riscos que as crianças correm, por estarem a 350 metros do aterro onde “são depositados camiões de lixos indiscriminados” e que vivem um “dilema” devido às poeiras resultantes dos depósitos no aterro.

Tem-nos chegado várias fotografias de químicos de produtos cancerígenos que estão a entrar lá dentro e nós gostaríamos que as entidades que analisam e fiscalizam aquilo intervenham perante esta situação de calamidade, para Sobrado e para as crianças que estão. Temos casas e escolas quase por cima do aterro”, referiu.

Satisfeito com a atenção dada por Marcelo Rebelo de Sousa, o responsável da AJP salientou também as “picadas de mosquitos prejudiciais para a saúde” que têm sido denunciadas pela associação.

“Aquilo não é um aterro, é uma lixeira. Como é que nós portugueses estamos preparados para fazer reciclagem e depois deparamo-nos ali com um camião que chega com todo o tipo de lixo e é enterrado completamente, frigoríficos, máquinas elétricas, tudo enterrado. Portanto, não há tratamento algum”, frisou.

Em 24 de junho, aquela associação ambientalista denunciou, em comunicado, que cerca de 40 pessoas, algumas delas “internadas no hospital”, foram picadas por insetos em Sobrado, atribuindo-as à atividade do aterro, e mostrou 30 fotografias onde se viam insetos e os resultados das picadas.

O aterro é gerido desde 2007 pela Recivalongo, sendo que a empresa começou a ser acusada em 2019 de “crime ambiental” pela população, pela Jornada Principal e pela Câmara Municipal, após ter sido detetado que detinha “mais de 420 licenças para tratar todo o tipo de resíduos”.

O assunto avançou, entretanto, para os tribunais com ações avançadas por ambas as partes.

A Recivalongo negou sempre que a agressividade dos insetos resultasse da operação no aterro.