O presidente da associação Anetie defendeu esta terça-feira, em entrevista à Lusa, que “há sempre pontos de melhoria” em qualquer Orçamento do Estado e destacou a necessidade de mais bolsas e o aumento de alunos no ensino superior.

José Pedro Salas Pires falava à Lusa no dia em que a Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Eletrónica (Anetie) dá o pontapé de saída do seu ‘roadshow’ “Portugal Digital Nation” no Pavilhão de Portugal, na Expo Dubai 2020.

Questionado sobre se há algo que gostaria de ter visto espelhado no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), José Pedro Salas Pires salientou que “há sempre pontos de melhoria para qualquer Orçamento do Estado”, apontando a área da educação, nomeadamente o ensino superior.

“Também acho que deveria haver mais bolsas, acho que deveríamos aumentar o número de alunos com acesso ao ensino superior e incentivar esse ensino superior, não só a nível da licenciatura”, mas também a nível dos mestrados e dos doutoramentos”, salientou.

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“As verbas ainda são curtas para apoiar essa população”, considerou o presidente da Anetie.

Atualmente, “já formamos 7.000 engenheiros na área ICT [tecnologias de informação e comunicação], temos já um elevado número de doutorados nesta área, mas poderíamos duplicar esse número, porque vamos precisar de duplicar essa capacidade”, acrescentou.

Em resumo, Salas Pires sublinhou que o OE2022 poderia “vir a melhorar” na área do ensino superior e na área de apoio aos estudantes.

Sobre a fuga de talentos para multinacionais estrangeiras, que tem acontecido não só em Portugal como na Europa, afirmou: “É claramente um risco e acho que aí deve a sociedade portuguesa mitigar esse risco”.

E isso começa pela educação, mais concretamente nas universidades, defendeu.

“As universidades têm um papel importantíssimo não só na formação, mas também na retenção: criar uma rede de antigos alunos que se ajudem mutuamente”, como também as empresas, “porque têm de criar programas e projetos atrativos, se calhar mais globais e internacionais“, para que os profissionais possam trabalhar em outros mercados a partir de Portugal, salientou.

“E, finalmente, acho que também o Governo tem que repensar algumas políticas, nomeadamente no início da carreira, pensar em termos de IRS e até de apoio às jovens famílias, porque todos os jovens talentos vão ser jovens pais também”, prosseguiu.

Dito isto, “nós também estamos a tentar organizar o que se chama ‘tech hubs’, ou seja, centros de competência nacional para também reter essas pessoas, que têm ‘know how’ na área da inteligência artificial, na realidade virtual, ‘cloud computing’, ‘data science’, elencou.

“Esses centros de competências nacionais vão poder criar, ao fim ao cabo, centros de retenção de talento porque se a partir daqui puderem desenvolver aquilo que eles gostam mais e exportar esse produto para outras áreas de certa forma estão eles também a internacionalizarem-se e estamos a reter a competência no nosso território”, rematou.