Retrospectivas dedicadas à realizadora italiana Cecilia Mangini e à realizadora e fotógrafa alemã Ulrike Ottinger, bem como uma homenagem ao colombiano Luis Ospina, recentemente falecido; um olhar sobre o cinema feminino egípcio dos últimos 50 anos; convites aos realizadores Michael Pilz e Edgar Pêra (que estreia o seu novo filme em 3D, “Kinorama – Beyond the Walls of the Real”). Estes são alguns dos destaques do programa do Doclisboa 2021, que tem lugar entre 21 e 31 de Outubro e regressa às salas e ao contacto com os espectadores, após uma edição de 2020 realizada “online” por causa da pandemia. Serão exibidos, no total, 249 filmes, com 58 estreias mundiais e 28 estreias internacionais, bem como 46 fitas portuguesas.

As sessões decorrem na Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca, Cinema Ideal, Cinema City Campo Pequeno, Museu do Oriente e Museu do Aljube. O filme de abertura é o documentário “Landscapes of Resistance”, da sérvia Marta Popivoda, complementado pela curta “A Terra Segue Azul Quando Saio do Trabalho”, do brasileiro Sérgio Silva, que estará no festival com uma seleção de filmes da Cinemateca Brasileira, de que é ex-programador. Na sessão de encerramento, passa “The Tale of King Crab”, de Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis. Fomos percorrer a programação para selecionar uma dezena de filmes que constituem outras tantas boas razões para ir ao Doclisboa 2021. A programação está toda no site oficial do festival.

“You Are Ceausescu to Me”

De SebastianMihailescu

Um grupo de jovens atores romenos faz audições para o papel de Nicolae Ceausescu, o falecido ditador comunista, para o interpretar quando era jovem, nos anos 30. Através deles, este documentário retrata uma nova geração e permite-nos ter um vislumbre da herança do desaparecido líder comunista e do regime que caiu com ele. (Competição Internacional. Dia 22, Cinema Ideal, 22.00 / Dia 24, São Jorge 3, 10.30)

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“Castro’s Spies”

De OlieAslin e GaryLennon

Nos anos 90, Fidel Castro mandou para Miami, nos EUA, um grupo de espiões de elite para fingirem ser pessoas fugidos ao regime e se infiltrarem no terreno. Este filme conta a história do seu recrutamento e treino, de como se instalaram em território americano, confundiram com os cidadãos comuns e se adaptaram ao seu estilo de vida, e acabaram por ser detetados e capturados. (Da Terra à Lua. Dia 22, Culturgest, 22.00 / Dia 26, Culturgest, 15.45)

“The Story of Looking”

De Mark Cousins

O realizador de “A História do Cinema: Uma Odisseia”, “Os Olhos de Orson Welles” e “Mulheres Fazem Cinema” prepara-se para fazer uma cirurgia aos olhos por causa de uma catarata, e aproveita para explorar neste filme o papel que a experiências visual desempenha na vida individual e coletiva, guiando-nos pelos tesouros do mundo visual através de várias culturas e eras. (Da Terra à Lua. Dia 21, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 21.30 / Dia 28, Culturgest, 21.30)

“Mother Lode”

De MatteoTortone

Jorge, um taxista de Lima, a capital do Peru, abandona o seu negócio e a família para tentar a sua sorte como mineiro na mina de ouro mais alta e mais perigosa de todas dos Andes. Chama-se La Rinconada e todos os anos atrai milhares de mineiros sazonais que chegam com a ideia de poderem ter sorte, encontrarem um filão, ficarem ricos e conseguirem uma vida melhor para si e para os seus. (Da Terra à Lua. Dia 27, Cinema Ideal, 18.00 / Dia 30, São Jorge 3, 22.30)

“Do Bairro”

De Diogo Varela Silva

Depois de assinar documentários sobre figuras da música portuguesa como “Fernando Maurício — O Rei Sem Coroa”, “Celeste” ou “Zé Pedro Rock ‘n’ Roll”, Diogo Varela Silva traz-nos agora “Do Bairro”, filmado nos bairros de Alfama e da Mouraria, onde os rufias contam as suas histórias, numa mistura de autenticidade, raízes, filosofia popular e música tradicional. (Da Terra à Lua. Dia 25, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 22.00 / Dia 31, Cinema Ideal, 22.00)   

“Nazaré Praia de Pescadores”

De Leitão de Barros

Considerado o primeiro documentário encenado do cinema português, esta curta-metragem de Leitão de Barros rodada na Nazaré é apresentada em cópia restaurada e acompanhada por uma partitura composta para o efeito pelo pianista e compositor Filipe Raposo, que o próprio executará. Em complemento, passam as curtas “Tin Sardines” (Leitão de Barros, não creditado), “Cascaes” (Amélia Borges Rodrigues, não creditada) e “Fishing for Atlantic Herring Outside Aalesund 1914”, de Hans Berge. (Riscos — O Mar no Cinema. Dia 25, Culturgest, 21.30)

“Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain”

De Morgan Neville

“Chef”, gastrónomo, escritor, aventureiro e provocador, senhor de uma abordagem muito pessoal à comida, às viagens e à cultura, plasmada nos seus programas de televisão e nos seus livros, Anthony Bourdain é evocado neste documentário que lança um olhar íntimo e de bastidores à sua formação, carreira, personalidade e ao seu estilo de vida, com depoimentos de muitos que o conheceram. (Heart Beat. Dia 28, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 22.00 / Dia 31, São Jorge 3, 10.30)

“Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz”

De Tiago Durão

Rodado para comemorar os 80 anos de carreira de Eunice Muñoz, este filme revisita a vida da atriz através das suas memórias privadas e do seu lado íntimo, como mulher, mãe, avó e amante. A entrada em sua casa inicia uma viagem pelas últimas oito décadas, que começou no palco do Teatro Nacional D. Maria II, na peça “Vendaval”, em 1941. Em complemento, passa “Brincadeiras de Gente Crescida”, sobre Eunice Muñoz, realizado para a RTP por Herlander Peyroteo em 1962. (Heat Beat. Dia 31, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 15.30)

“Jane by Charlotte”

De Charlotte Gainsbourg

Jane Birkin e Charlotte Gainsgourg, mãe e filha, duas gerações de atrizes. Neste documentário feito na maior intimidade familiar, Charlotte olha para a mãe através da lente uma câmara de filmar e ultrapassa a reserva de Jane Birkin. Expõem-se uma à outra, e dão espaço a uma relação entre mãe e filha, que são também celebridades. (Heat Beat. Dia 21, Culturgest, 21.30 / Dia 30, Culturgest, 14.30)  

“Becoming Cousteau”

De Liz Garbus

Autora de filmes sobre Bobby Fischer (“Bobby Fischer Against the World”), Marilyn Monroe (“Love, Marilyn”) ou Nina Simone (“What Happened, Miss Simone?”), a documentarista americana Liz Garbus aborda agora a vida, as paixões, as conquistas e as tragédias de Jacques-Yves Cousteau, com recurso a imagens recentemente restauradas do arquivo pessoal do oceanógrafo, explorador, realizador e ambientalista francês. (Heart Beat. Dia 21, Cinema Ideal, 22.00 / Dia 29, Culturgest, 21.30)