O presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa, António Calçada e Sá, defendeu esta quarta-feira que aquilo que o mundo aprendeu com a pandemia de Covid-19 pode aproximar África e Europa e potenciar os negócios e a cooperação.

Em declarações à Lusa, após a sua intervenção na sessão de abertura da 4ª edição do Fórum Europa África, o responsável da entidade organizadora afirmou que não é a pandemia em si, mas aquilo que se aprende com a pandemia “que pode potenciar a aproximação” entre a Europa e a África e “os negócios e a economia” entre os dois continentes.

“No mundo dos negócios e da cooperação eu só vejo isto com bons olhos”, afirmou o responsável do Conselho da Diáspora, que é também presidente da Câmara de Comércio Portuguesa em Espanha.

“Vamos entrar agora numa fase de recuperação (…) e teremos no ‘day after’ [dia seguinte] modelos de trabalho e relações mais flexíveis e ambientes de trabalho mais colaborativos“, considerou o antigo gestor da Repsol em Portugal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Porém, considerou que “a recuperação económica é fundamental, não pode ser um sonho, tem de ser uma realidade que vai imediatamente agarrada, mão com mão, com a criação de emprego”, referindo ainda duas questões importante, como “a agenda verde, com a transição energética, e (…) a revolução digital”.

COP26: Rede Europeia de Ação Climática quer energia 100% renovável até 2040

O responsável referiu, por isso, que esta quarta-feira, no Fórum, falou-se de “um mundo que tem de fazer mais a ligação dos pontinhos, economia e emprego, agenda verde e revolução digital, porque se não estiverem juntas, ou se há uma delas que vai falhar, [haverá] um problema muito grande para resolver“, alertou.

Contudo, na sua opinião, a pandemia de Covid-19, que foi uma “experiência dura e intensa”, que acabou por ser “transformadora e disruptiva em muitos aspetos” como na economia, no trabalho à distância, no boom do e-comerce e do digital na parte dos negócios, mas também na parte dos serviços.

O também diretor executivo e vice-presidente da Fundación Repsol defendeu que este fórum de três dias, que começou esta quarta-feira, é uma “oportunidade de ver e partilhar diferentes pontos de vista e diferentes ângulos nesta Rede Comunitária EuroAfrica”.

Na sua quarta edição, o fórum conta com 16 painéis, 38 oradores e moderadores, tanto de África como da Europa, disse.

“Este ano temos a honra de contar com a presença (via digital) de Sua Excelência o Presidente de Angola João Lourenço e de Sua Excelência o Presidente da República de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa”, destacou, na intervenção que fez na abertura do evento.

João Lourenço diz que regresso de ex-PR angolano é bom para o partido e para o país

O Conselho da Diáspora Portuguesa, uma rede mundial portuguesa fundada em 2012 e cujo principal objetivo é a valorização da marca, imagem e reputação de Portugal, conta já com 90 conselheiros, que trabalham em diferentes campos, desde a cultura à economia, passando pela cidadania e ciência.

Estes conselheiros estão espalhados por 27 países, 47 cidades e cinco continentes.

O tema deste ano do Forum é: “Getting Along — New Paths for Cooperation between the Twin Continents”.

O debate vai centrar-se na cooperação entre Europa e África, e nas relações económicas entre os dois continentes.

A agenda do Fórum Europa África inclui sete painéis: Perspetivas sobre Economia para a Europa e África após o Acordo de Comércio Livre; Trabalho Digital e Plataformas e Tecnologias Digitais; A Revolução da ID Digital; Abrir caminho para o crescimento verde e transições inclusivas; Cultura e Mercado; Media e Digitalização.

Entre os oradores estão empresários, ativistas, líderes, decisores públicos e privados, e outros agentes que deram o seu contributo para o diálogo entre a África e a Europa.