Longe de querer reinventar a roda, a Michelin propôs-se (apenas) a reinventar o pneu. Imaginou-o sem ar, mais seguro e mais amigo do ambiente – um trio de requisitos que a especialista francesa em pneumáticos não só conseguiu compatibilizar, como inclusivamente já está a ser alvo de testes. E com os ensaios sobre rodas, ainda de protótipos, surgiu finalmente uma data para introduzir no mercado o Uptis (abreviatura de Unique Punture-Proof Tire System, que se pode traduzir como sistema único de pneu à prova de furos). O objectivo da Michelin é lançá-lo dentro de três anos, em 2024.

Se a espera lhe parece demasiado longa, saiba que já faltou mais, na medida em que o projecto remonta a 2017 e nunca esteve parado. Em parceria com a General Motors, a Michelin tem vindo a fazer evoluir o conceito. Depois das simulações em laboratório, foi chegada a vez de “calçar” um Chevrolet Bolt com os Uptis e dar arranque aos testes em condições reais de utilização. Até porque o ar, que estes pneus não têm, é um dos principais elementos a contribuir para o conforto do rolamento.

Acabam-se os furos. O pneu sem ar funciona (e bem)

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Por ocasião do Salão de Munique, a Michelin abriu a possibilidade de dois youtubers experimentarem o Uptis nas estradas da cidade, no que foi o primeiro teste desta tecnologia na via pública. E se um ficou surpreendido com o grau de conforto (Gercollector disse que “o conforto é incrível”), o outro, Mr. JWW, afirmou não ter notado qualquer diferença face aos pneus convencionais. Confessou ainda que “mal pode esperar” para que este produto entre em produção, na sua versão definitiva. Mas parece que Mr. JWW terá, entretanto, de encontrar forma de refrear a impaciência até 2024.

Segundo a Michelin, o Uptis é duplamente “bom” para o ambiente. Primeiro, porque é feito de materiais renováveis ou de origem biológica (veja abaixo o compromisso da marca até 2030), segundo porque, como não pode furar nem rebentar, vai dar o seu contributo para reduzir a quantidade de borracha que anualmente vai para o lixo, devido a furos ou ao desgaste irregular. E o descarte representa, de acordo com a empresa francesa, 200 milhões de pneus a cada ano que passa. Ao fim de quatro anos, continua sem haver uma estimativa de preços, mas a Michelin lá vai adiantando que os Uptis até podem ser impressos em 3D. Resta saber, também, se terão ou não limitações em termos de jantes.