A Rússia, China e Irão apelaram esta quarta-feira à cooperação com o novo Governo talibã no Afeganistão para assegurar a “estabilidade” da região, confrontada com elevados riscos de segurança.

Reunidos em Moscovo para conversações com uma delegação dos talibãs, os representantes de dez países da região apelaram aos talibãs para aplicarem “políticas moderadas”, em termos de política interna e externa, segundo uma declaração comum divulgada após o encontro.

Uma delegação dos talibãs deslocou-se esta quarta-feira a Moscovo para as primeiras conversações internacionais em território russo desde a sua chegada ao poder em agosto.

No total, dez países participaram no diálogo com os representantes do novo regime afegão: Rússia, China, Irão, Paquistão, Índia, e as cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central. Os Estados Unidos não estiveram presentes.

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Estas dez países também apelaram aos talibãs para aplicarem “políticas moderadas”, a nível interno e externo, sublinha a declaração comum.

Os países participantes exortaram os novos líderes de Cabul a adotar “políticas amigáveis face aos vizinhos do Afeganistão, atingir os objetivos comuns de uma paz duradoura, da segurança e prosperidade a longo prazo”, lê-se no comunicado.

Numa alusão ao reconhecimento internacional do novo poder em Cabul, o representante especial do Kremlin Zamir Kabulov precisou que o Governo de transição não deverá apenas significar uma equilibrada representação étnica nas estruturas dirigentes, antes “uma representação etno-política de forma que não existam apenas forças [no Governo interino] que partilhem o ponto de vista do movimento talibã, mas também representantes de outras forças políticas” no Afeganistão.

Os dez países também incitaram os talibãs a “respeitar os direitos dos grupos étnicos, das mulheres e das crianças”.

Pediram ainda uma “iniciativa coletiva” para organizar com as Nações Unidas uma conferência de doadores para o Afeganistão.

De acordo com a declaração comum, o “fardo” da reconstrução económica e do desenvolvimento do Afeganistão deverá ser assumido “pelos atores [do conflito] que estiveram no país nos últimos 20 anos”, numa óbvia alusão às forças norte-americanas e da NATO.

O Afeganistão, esgotado por décadas de guerra, está confrontado com a dupla ameaça de uma grave crise humanitária e securitária devido à atividade de grupos ‘jihadistas’, em particular os atentados sangrentos que vêm sendo reivindicados pelo grupo extremista de Estado Islâmico da Província de Khorasan (EI-K).