“Se ganhava diziam que era por sorte ou que o meu estilo futebolístico não prestava. Tentei desfrutar, até porque sempre gostei de uma boa luta, para demonstrar a todos que estavam equivocados. No final, não foi nada mais do que isso, uma luta. Nem sequer quando ganhava conseguia ter a sensação de ganhar apoio por parte dos adeptos”, dizia Steve Bruce este fim de semana numa entrevista exclusiva ao The Telegraph, a propósito do jogo 1.000 como treinador após uma carreira de sucesso como defesa central.

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Esta deveria ter sido uma conversa de vida, de reconhecimento, de celebração quase. Uns dias depois, não passou de uma conversa de despedida. E menos de duas semanas depois de ter mudado de proprietários, numa decisão que vai mexer e muito com a vida do Newcastle, Steve Bruce deixou o clube.

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O Newcastle pode confirmar que Steve Bruce deixou o cargo de treinador do clube por mútuo acordo”, anunciaram os magpies, concluindo um ciclo de pouco mais de dois anos.

“Quando cheguei pensava que ia aguentar tudo mas foi muito, muito duro. Nunca me quiseram, sempre senti que queriam que fracassasse e tive de ler que era um inútil, um estúpido, um inapto. E tudo desde o dia 1. Este pode ser o meu último trabalho. Não se trata apenas de mim mas também a minha família, não posso ignorar isso. Têm estado preocupados comigo, em especial a minha mulher Jan, que é incrível. Tenho 60 anos e não posso passar a vida a fazer-lhes isto. Não voltarei a treinar mas não nunca se pode dizer nunca, quem sabe se um outro presidente me ligar…”, contou já esta quarta-feira ao The Telegraph.

Sobre Steve Bruce, estamos conversados. Sobre o Newcastle, a conversa ainda agora vai começar. E, apenas 13 dias depois do saudita Yasir al-Rumayya ter assumido a liderança, surge a primeira grande decisão que irá funcionar como um barómetro dos objetivos reais do novo proprietário do clube que se estreou com uma derrota caseira frente ao Tottenham numa fase em que os restantes conjuntos da Premier League (ao contrário do Manchester City, que se absteve) estão a reduzir a margem de manobra para o investimento com uma norma que condiciona os contratos de patrocínio que fariam circular o dinheiro.

A lista de possibilidades para suceder a Steve Bruce, essa, é grande. Se calhar maior do que seria há menos de duas semanas. E é aí que se encontra também um português, Paulo Fonseca, entre outros nomes que nesta fase estão livres (Antonio Conte, Lucien Favre, Frank Lampard e Eddie Howe), têm contrato (Brendan Rodgers do Leicester, Steven Gerrard do Rangers, Roberto Martínez da Bélgica, Unai Emery do Villarreal e Graham Potter do Brighton) ou ficaram como interinos (Graeme Jones). Com um ponto curioso: desde que se sabe da saída de Bruce, Fonseca assumiu o favoritismo na casa de apostas…