A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa afirma que no currículo de Raquel Varela, investigadora naquela instituição, “não existe matéria que comprometa a integridade da componente bibliométrica”. As conclusões são de dois elementos do Conselho Científico daquela mesma faculdade, que foram indicados para realizar uma avaliação formal da validade da lista de publicações constantes no currículo de Raquel Varela, da sua bibliometria e correção na referenciação bibliográfica.

A análise refere que “Raquel Varela é autora ou editora de todas as publicações assinaladas” — 82 artigos listados, dos quais 36 publicados entre 2016 e 2021 e 30 publicados em revistas indexadas na ISI Thompson, na Scopus e na CAPES Qualis A —, apesar de nem sempre serem “identificados todos os coautores ou coeditores”.

Os elementos do Conselho Científico reportam ainda a existência de “imprecisões relativamente a dois títulos, a duas datas e em algumas identificações de códigos de registo em publicações online” e de algumas “redundâncias que resultam dos problemas conhecidos de sincronização automática entre as diversas plataformas utilizadas”. Mas, segundo a pesquisa, nada que coloque em causa o currículo da investigadora.

A avaliação realizada conclui que os alegados erros identificados pela Direção do IHC “não comprometem a integridade da componente bibliométrica do CV em apreço”, pode ler-se na nota enviada pela FCSH.

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Por outro lado, e sobre o concurso que espoletou toda a polémica, a avaliação “compete unicamente ao júri especializado desse concurso, regra de qualquer processo concursal”.

A polémica que envolve o nome de Raquel Varela e o facto de o seu currículo ter sido posto em causa começou devido a uma candidatura à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). A candidatura tinha o apoio do Instituto de História Contemporânea (IHC), que acabou por se retirá-lo após ter confirmado a existência de “erros” no seu currículo, como foi na altura noticiado pelo Público.

As repetições de artigos e livros referidas na altura acabam por ser confirmadas pela análise da Universidade Nova de Lisboa, mas é justificada pela “sincronização automática entre as diversas plataformas utilizadas”, havendo uma desresponsabilização da professora.

Caso Raquel Varela. Universidade Nova diz que professores que fazem acusações “não provadas” põem em causa “dever de lealdade”

Quando a questão foi tornada pública, a FCSH acabou por se atirar aos docentes que criticaram o processo, dizendo ser “lamentável” que docentes da instituição “utilizem o espaço público para fazer acusações” que, até ao momento, não tinham sido provadas”. Estão a “infligir danos reputacionais gratuitos à universidade”, pondo “em causa o seu dever de lealdade para com a instituição”, referia a faculdade em comunicado.