Após um aumento sem precedentes de novas infeções de Covid-19, a Letónia anunciou um lockdown de um mês, tornando-se, assim, no primeiro país da Europa a retomar as restrições de longo alcance. O confinamento arranca esta quinta-feira e vai durar até 15 de novembro.

O país apresenta agora uma das taxas mais altas de novos casos de Covid-19 no mundo tendo em conta a população, segundo o norte-americano Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, citado pelo The Guardian. A média dos últimos sete dias ultrapassa os 2 mil casos.

À margem de uma reunião governamental de emergência, realizada na noite de segunda-feira, o primeiro-ministro Krišjānis Kariņš falou num “sistema de saúde em perigo” e apelou à vacinação num país onde apenas 52% da população está totalmente vacinada (a média na União Europeia é 74%).

As novas restrições, cuja data de implementação é precisamente esta quinta-feira, incluem recolher obrigatório de um mês em todo o país, das 20h às 05h, com as escolas e o comércio essencial de portas fechadas. Pedindo desculpas às pessoas já vacinadas, Kariņš acrescentou que apenas trabalhados considerados essenciais seriam autorizados a decorrer de forma presencial, dando novo fôlego ao teletrabalho.

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Durante muito tempo, a Letónia foi vista como um dos casos de sucesso no velho continente — desde o início da pandemia no país e até hoje, regista menos de 3 mil mortes por Covid-19. Ainda assim, e de acordo com o meio já citado, vozes críticas apontam o dedo à vacinação lenta e desigual, atribuindo o fenómeno ao aumento de casos.

Ilze Viņķele, a ex-ministra da Saúde que ocupou o cargo durante as duas primeiras vagas da pandemia, afirmou que era conhecido que certos grupos, sobretudo os cidadãos mais velhos e aqueles de origens socioeconómicas menos abastadas, “eram mais céticos” face à toma da vacina.

“Infelizmente, não fomos capazes de resolver essa divisão de forma eficaz.” Agora que o país regressa ao confinamento, os cidadãos totalmente imunizados sentir-se-ão “frustrados”, eles que “seguiram sempre as regras”. Além disso, Viņķele assegurou que a taxa de vacinação no país apresenta distinções a nível geográfico, com algumas zonas a terem uma taxa inferior de 25%.

Numa perspetiva mais ampla, a Organização Mundial da Saúde fez saber que houve um aumento de 7% de novos casos em toda a Europa na semana passada, a única região no mundo onde os casos estão a aumentar.

O The Guardian salienta ainda que países com baixas taxas de vacinação na Europa central e oriental são aqueles mais atingidos pela pandemia. Também Moscovo está a considerar um confinamento caso as infeções continuem a aumentar.