O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, disse esta quinta-feira em Bruxelas acreditar que União Europeia e a NATO adotarão ainda este ano uma declaração conjunta, a sublinhar a complementaridade em termos de Defesa, antes de adotarem as respetivas orientações estratégicas.

Após participar esta quinta-feira de manhã numa reunião de ministros da Defesa da UE, centrada na chamada «bússola estratégica» — o documento orientador dos 27 em matéria de Defesa e Segurança que está a ser trabalhado com vista à sua adoção em março de 2022 —, e, à tarde, num encontro de ministros da Defesa da Aliança Atlântica, que também tem prevista para o próximo ano a adoção do seu novo conceito estratégico, Gomes Cravinho revelou a ideia de uma declaração conjunta das duas organizações, a ser discutida na sexta-feira à NATO.

Antes da reunião da NATO, tivemos uma reunião de ministros da Defesa da UE em que olhámos para a chamada bússola estratégica […] Um dos elementos que fez parte do nosso diálogo esta manhã foi precisamente a ideia de uma declaração conjunta UE-NATO a estabelecer aquilo que é o entendimento comum do relacionamento entre os dois”, indicou.

Segundo o ministro, essa declaração conjunta “deve conter, por um lado, o reconhecimento da importância insubstituível da NATO enquanto pedra basilar da nossa segurança coletiva, e, por outro lado, também o reconhecimento do entendimento de que uma entidade europeia de Defesa é muito importante para o próprio reforço da NATO e não é concorrente nem representa qualquer tipo de ameaça para a NATO”.

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“Estamos hoje [quinta-feira], creio, numa situação em que podemos dar este passo, e acredito que esta declaração conjunta saia antes do final do ano. Aliás, um dos elementos que no meu entender deve constar da declaração conjunta é o compromisso mútuo em trabalharmos em simultâneo e em conjunto nos nossos documentos de orientação estratégica: a bússola estratégica da UE e o conceito estratégico da NATO, que será adotado no final do primeiro semestre do ano”, declarou.

João Gomes Cravinho reforçou que, “dando-se a coincidência de cada uma das instituições estar a trabalhar num documento de orientação estratégica, faz muito sentido que esse trabalho seja feito com pleno conhecimento mútuo e de modo a que sejam documentos convergentes, e não documentos que não têm coerência entre si”.

O ministro explicou que a ideia será apresentada no segundo dia de trabalhos da reunião de ministros da Defesa da NATO — a primeira presencial em Bruxelas desde fevereiro de 2020 —, até porque “haverá uma sessão em que participa também a UE”, com a presença de Finlândia e Suécia, que são membros da UE mas não da Aliança, pelo que “esse será tema para discussão amanhã”, sexta-feira.