A Caixa Geral de Depósitos está a “medir o verdadeiro impacto” do fim das moratórias e é dessa análise que vai depender o valor que o banco público poderá entregar ao Estado em dividendo “extra” (ainda relativo aos lucros obtidos em 2020). Já foi noticiado em junho, pelo Jornal de Negócios, que esse dividendo poderia rondar os 300 milhões de euros mas, contactada, fonte oficial não se compromete com um valor e afirma que este será um tema a discutir com o acionista “nas próximas semanas“.

Não há ainda decisão porque estamos a medir o verdadeiro impacto do período pós moratórias no banco”, indicou fonte oficial do banco público, questionada pelo Observador.

As moratórias bancárias terminaram no fim de setembro, pelo que está a ser ao longo deste mês de outubro que os bancos estão a verificar de forma efetiva a capacidade dos clientes – particulares e empresas – de voltar aos pagamentos dos créditos. Isto embora já nos últimos meses os bancos tenham feito um trabalho de contacto com os clientes para perceber onde estariam os problemas, aliás tal como prevê a legislação entretanto aprovada.

“Bomba-relógio”? Banca garante impacto “gerível” do fim das moratórias

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“Por razões de regras de mercado, o valor de um potencial dividendo extra a pagar em 2021 será avaliado e posteriormente comunicado oficialmente ao mercado”, indicou fonte oficial do banco liderado por Paulo Macedo, lembrando, também, que “a intenção da administração foi sempre de devolver aos contribuintes o dinheiro que investiram na Caixa em 2017″.

À medida que essa análise ao “período pós-moratórias” avança, o banco público diz que “nas próximas semanas é um tema que poderá vir a ser discutido com o acionista“.

Depois de o Banco Central Europeu ter levantado a proibição de pagamento de dividendos na banca, o banco público ficou com “luz verde” para entregar uma remuneração ao Estado, num montante que a administração (e o acionista) considerarem que acautela os riscos associados à crise económica mas, por outro lado, evita que o banco fique com excesso de capital, o que também não é vantajoso do ponto de vista regulatório.

Relativamente ao exercício de 2020 já foram transferidos para o os cofres públicos quase 84 milhões de euros. Mas, logo na apresentação das contas de 2020, em fevereiro deste ano, Paulo Macedo admitiu a possibilidade de ser pago um dividendo extraordinário, na reta final do ano de 2021, uma possibilidade que se colocava “se a pandemia não trouxer más notícias”.

Se se confirmar o valor de 300 milhões de euros, ascende a cerca de 384 milhões de euros a remuneração acionista do banco público ao Estado, bem mais do que o dobro do os 160 milhões previstos no Orçamento do Estado para 2021, que está em execução.