A feira internacional de música Womex realiza-se este ano no Porto, de quarta-feira a domingo, com 200 bancas de mais de 70 países, e conta pela primeira vez com um palco “conceptual” dedicado à lusofonia.

“O Womex é uma feira, talvez a maior feira e festival de música, de não pop-rock, que abrange a ‘world music’, nas suas famílias todas, mais ligada à música tradicional, jazz, clássica”, com “duas grandes componentes, uma profissional e outra pública”, explica à Lusa o organizador, António Miguel Guimarães.

Este evento irá ocupar, durante o dia, a Alfândega do Porto, “com mais de 200 stands de 70 e tal países, em que agentes tentam vender os seus artistas”.

Serão também promovidas conferências “muito importantes para todos os profissionais” e “um festival de filmes e documentários ligados à música”.

À noite, cinco palcos da cidade acolhem “60 concertos ao longo dos dias”, incluindo uma novidade de um evento que já vai na 27.ª edição, que terá este ano um palco “conceptual”, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores.

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O Palco Lusofónica, que ocupa o Teatro Nacional São João, recebe artistas de “países que têm a língua portuguesa como oficial, e ainda com convidados nos nossos relativos linguísticos da Galiza”.

Dos artistas selecionados para lá atuar, António Miguel Guimarães destaca Vitorino, “um veterano e fantástico compositor”, Lina_ Raül Refree, “aposta de imenso sucesso no estrangeiro e que aqui ganha outra dimensão”, com “experiências em torno do fado”, e ainda “O Gajo, um guitarrista extraordinário, que vem do rock para um instrumento de música tradicional e fez um belíssimo trabalho”.

Mas, no total, são 13 artistas portuguesas, nem todos inseridos no palco dedicado.

O agente evidencia ainda Scúru Fitchádu, “uma cena muito fora, alternativa, muito ligada às raízes cabo-verdianas”, e Pongo, “uma revolução que está a acontecer pela Europa fora e está a chegar cá”.

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“Isto acaba por ter uma importância colossal, porque, no Womex normal, se nós conseguirmos ter um ou dois artistas portugueses, já é fantástico, porque vêm artistas do mundo inteiro. (…) Seriam precisos quase 10 anos de Womex para demonstrar a mesma diversidade e número de artistas. É uma mais-valia colossal, do ponto de vista cultural e de promoção para o exterior”, frisa o responsável.

Quanto aos destaques internacionais, “venha o diabo e escolha”, brinca o organizador, realçando a diversidade da mostra.

O evento tem “grandes impactos internos”, já que “vão sair artigos em mais de 120 países” e a RTP “está a gravar as 60 atuações dos artistas, que são depois disponibilizadas pela União Europeia de Radiodifusão [EBU, na sigla inglesa] e vai parar a 52 países”.

“Economicamente, também é fundamental”, considera, destacando que “o impacto da promoção do país e da cidade do Porto no exterior é muito, muito grande”, e que “a brincar, a brincar, isto se calhar consome 10 mil dormidas, dezenas de milhares de refeições, centenas de companhias a trabalhar no Norte”.

Este evento “ganha uma importância ainda maior” depois da pandemia de covid-19, “em que o mundo desabou, em que muitas empresas fecharam, muitas salas fecharam, também clubes”.

“Toda a construção deste tecido vai ser necessária, vai haver novos protagonistas, novos artistas, novas propostas, e é preciso reconstruir isto tudo”, frisou.

O Womex realiza-se de 27 a 31 de outubro, maioritariamente na Alfândega do Porto, para profissionais da indústria da música, mas os concertos e os filmes são abertos ao público, mediante compra de bilhete.