O Serviço Jesuíta aos Refugiados disse este sábado que, em conjunto com uma fundação norte-americana, tem meios para retirar do Afeganistão e acolher em Portugal perto de 190 pessoas, aguardando autorização e emissão de vistos humanitários pelo Governo.

“Esta operação conjunta aguarda apenas o aval do Estado português, a autorização de quantas pessoas possam vir para Portugal”, disse à Lusa Carmo Belford, jurista do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS).

O JRS, que tem estado em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), e a Fundação Romulus T Bess Weatherman esperam esta autorização “há cinco semanas”, garantiu Carmo Belford, que explicou que “a janela de oportunidade” para a retirada daquelas pessoas do Afeganistão é “muito curta” e restam “oito dias”, dada a “instabilidade no terreno”, sem querer avançar com mais detalhes para não comprometer a operação.

Em causa estão 130 pessoas identificadas pela fundação e pelo JRS, boa parte delas familiares dos 251 refugiados afegãos acolhidos em Portugal desde a tomada do poder pelos talibãs, em agosto deste ano.

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A essas 130 pessoas somam-se mais perto de 60 que haviam sido identificadas anteriormente pelas autoridades portuguesas (na maioria, afegãos e familiares que apoiaram os militares que estiveram no Afeganistão) e que não conseguiram ainda ser retiradas do país, disse Carmo Belford.

A jurista do JRS afirmou que, neste momento, “compreensivelmente”, Portugal está “um pouco limitado pela falta de presença no terreno” e “é normal que esteja um pouco reticente”, mas a fundação norte-americana “mostrou disponibilidade em colaborar com o Estado português e financiar todo o processo” de retirada de pessoas do Afeganistão e “até para trazer pessoas indicadas pelos militares portugueses que não conseguiram vir, infelizmente, nos primeiros aviões”.

Carmo Belford acrescentou que também “o próprio acolhimento aqui em Portugal está garantido financeiramente por esta fundação, assim como condições de integração”.

“Temos tudo, um programa todo montado e pronto para ser implementado”, sublinhou.

“É uma maneira de ajudar o Estado português a compensar a sua falta de meios no terreno. (…) Queremos só mostrar a nossa disponibilidade e pôr os nossos contributos ao dispor do Estado português, especialmente esta fundação”, acrescentou.

A Lusa contactou o MNE sobre esta situação mas não obteve ainda resposta.