A uma semana do arranque da 26.ª Conferência sobre Mudança Climática da ONU (COP26), Greta Thunberg disse que é necessário que as pessoas exijam mudanças no que diz respeito às alterações climáticas e que precisavam de “desenraizar o sistema”. A ativista climática fez ainda saber que não são as conferências — como é o caso da COP26 — que vão operar a mudança.

A COP26 decorre em Glasgow, na Escócia, a partir de 31 de outubro e vai juntar chefes de Estado de todo o mundo que apresentam na conferência as suas propostas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, e travar assim o avanço do aquecimento global. Greta estará presente na conferência e afirmou que o seu objetivo é “ser honesta” na sua mensagem para os líderes mundiais.

“Sejam honestos sobre onde estão, como têm falhado, como continuam a falhar… em vez de tentarem encontrar soluções, soluções reais que realmente levem a algum lado, que levariam a uma mudança substancial, uma mudança fundamental”, disse numa entrevista à BBC.

Na entrevista, Thunberg apelou aos cidadãos para que estejam alertas para o cenário de urgência atual, e que “a mudança não virá destas conferências”, por não conduzirem a ações imediatas. “Na minha opinião, o sucesso seria que as pessoas começassem finalmente a perceber a urgência da situação e a perceber que estamos perante uma crise existencial, e que vamos precisar de grandes mudanças, que vamos precisar de desenraizar o sistema, porque é aí que a mudança vai chegar”.

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Uma vez que a entrevista foi à BBC, questionada sobre a posição do Reino Unido na redução dos gases com efeito de estufa — que tem uma meta de se tornar neutro em emissões de CO2 até 2050 —, Greta disse não acreditar nesse objetivo e que não considerava o país um líder climático. “Infelizmente não existem hoje em dia líderes climáticos. Mas isso não significa que não possam de repente decidir que agora vamos levar o processo a sério”, disse. No que diz respeito à temática da neutralidade carbónica, a ativista de 18 anos diz que foi “bom começo”, mas advertiu que “não significa realmente muito na prática” se as pessoas continuarem a procurar brechas no processo.

Há semanas, quando discursava na Youth4Climate em Milão, Itália, Greta Thunberg voltou a criticar os líderes globais pela forma como estão a lidar com a emergência climática, e disse que para combater as alterações climáticas era necessário ” inovação, cooperação e força de vontade”.

Porém, a ativista foi mais longe e disse estar cansada do discurso de chavões dos líderes. “Blá blá blá. Economia verde. Blá blá blá. Zero líquido até 2050. Blá, blá, blá”, apontou. “Isso é tudo o que ouvimos dos nossos chamados líderes. Palavras que parecem ótimas, mas que até agora não levaram à ação. As nossas esperanças e ambições se afogam em promessas vazias”.

Apesar de já ser uma cara habitual neste tipo de conferências mundiais sobre o clima, Greta esclareceu que não se vê “como uma celebridade do clima”, mas sim como uma “ativista do clima”. A jovem sueca falou ainda sobre o facto da sua persona em público ser completamente distinta daquela que assume em casa, longe da atenção mediática. “Sou uma pessoa completamente diferente quando estou em privado. Não creio que as pessoas me reconheçam em privado”, disse. “Não sou muito séria em privado. Pareço muito zangada nos meios de comunicação social, mas sou tola em privado.”