O comentador e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, diz que, se o PCP chumbar aquele que considera ser o Orçamento “mais à esquerda dos últimos anos” poderá estar perante um “suicídio eleitoral“. No seu espaço de comentário na SIC, Marques Mendes diz que o PCP “ganhou em praticamente tudo o que eram exigências orçamentais” na negociação e que só não conseguiu demover o Governo em dois assuntos extra-Orçamento: um aumento maior do salário mínimo e na caducidade das contratações coletivas de trabalho.

O comentador diz que o “mal menor” é que o Orçamento do Estado seja viabilizado e que será caso o PCP tiver “racionalidade”. Depois de “ganhos de causa claros”, se o PCP chumbar o OE pode correr o risco de ficar com o ónus de uma “crise altamente impopular” e acrescentar ao “desastre eleitoral autárquico um desastre eleitoral nacional”.

O antigo líder do PSD comenta que o PCP tem dois setores internamente que têm posições distintas: o setor sindical, que não é fã da geringonça, e o setor autárquico, que defende mais acordos com o PS. Ora o setor sindical, diz o comentador, está reforçado dentro do partido, ao contrário do setor autárquico, enfraquecido pelas eleições de 26 de setembro. Isso terá contribuído para esta situação mais dura do partido relativamente ao Governo.

Sobre o anunciado voto contra o Orçamento do Bloco de Esquerda, Marques Mendes diz que a questão “é um não assunto” e que “não tem nenhuma surpresa não ter havido acordo e o BE ter anunciado que vota contra.” O comentador lembra que “as relações [entre BE e Governo] nunca foram as melhores do mundo” e que, se chumbou no ano passado, é previsível que volte a fazê-lo. Por isto, diz Mendes, a negociação entre Governo e BE é um “assunto encerrado”.

Marques Mendes adverte que caso o país avance para novas eleições, dificilmente haverá um governo maioritário, logo “o impasse mantinha-se ou agravava-se”. E acrescenta: “Só o Chega é que ganhava com eleições. No entretanto, o País pagava a fatura de uma crise política.”

O antigo líder do PSD diz que o facto de Rui Rio ser recandidato contra Paulo Rangel torna as eleições internas numa “disputa boa para o PSD e para a democracia”. Marques Mendes explica que esta “não é só uma disputa entre duas pessoas, é uma disputa entre dois projetos diferentes para o PSD, duas visões diferentes do partido, duas formas diferentes de fazer oposição.” Para o antigo líder, a disputa pode ajudar a que haja mais massa crítica no PSD.

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