É uma revelação que pode obrigar a rever todo o conhecimento histórico sobre a mumificação e o antigo Egito: de acordo com uma descoberta recente de arqueólogos, o processo de mumificação sofisticada dos mortos no Egito antigo pode ter começado mil anos antes do que até aqui se acreditava.

A descoberta em questão remonta a 2019: um grupo de investigadores terá encontrado um corpo preservado de um antigo nobre egípcio chamado Khuwy. O processo da mumificação do seu corpo aparenta ter um grau de sofisticação (entre outras coisas, também pela qualidade do material usado) que só se acreditava ter começado a verificar-se cerca de mil anos depois.

Khuwy viveu no período na V Dinastia egípcia, no período do Império Antigo (2686-2181 a.C.). A descoberta do seu corpo — e as conclusões que se podem tirar do processo de preservação do seu corpo — não indicariam apenas que se encontrou uma das múmias egípcias mais antigas já descobertas. Provaria, também, que as técnicas de mumificação já eram altamente avançadas naquele período, há quase quatro mil anos, como explica o jornal britânico The Guardian.

Esta descoberta vai ser detalhada e explicada ao pormenor numa série documental da National Geographic intitulada “Lost Treasures of Egypt”, em português “Tesouros Perdidos do Egito” — mais concretamente, no quarto episódio da série, que começará a ser transmitida em novembro.

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Uma especialista no processo de mumificação, a académica e líder do departamento de Egiptologia da Universidade Americana do Cairo Salima Ikram, afirmou ao The Guardian que “caso se trate efetivamente de uma múmia do Reino Antigo, todos os livros sobre mumificação e a história do Reino Antigo terão de ser revistos”.

Para se perceber melhor o valor histórica da descoberta (a confirmar-se), Salima explicava que “até agora pensávamos que a mumificação era relativamente simples durante o Reino Antigo”, por exemplo “sem remoção do cérebro e apenas ocasionalmente com remoção dos órgãos internos”. Julgava-se que se dedicava mais atenção “à aparência exterior” da múmia do que ao interior. A descrição do estado do corpo encontrado e do seu método de preservação enquadra-se mais, explicava, “nas múmias encontradas mil anos depois”.