Paulo Mota Pinto, presidente da Mesa do Congresso do PSD e apoiante de Rui Rio, acredita que, confirmando-se o chumbo do Orçamento do Estado e a marcação de eleições antecipadas, o PSD deve fazer uma “reflexão” sobre a existência ou não de diretas no partido.
É a primeira reação pública do PSD aos mais recentes desenvolvimentos na discussão do Orçamento do Estado. Na SIC Notícias, o social-democrata recordou que, no último Conselho Nacional do PSD, Rui Rio tentou adiar as eleições internas para depois da clarificação sobre o Orçamento.
A maioria dos conselheiros, no entanto, chumbou essa decisão e forçou a existência de diretas já a 4 de dezembro, um “aventureirismo irresponsável“, classificou Mota Pinto.
Tal como o Observador já avançou, confirmada a crise política, a direção de Rui Rio admite convocar um Conselho Nacional extraordinário para levar novamente a votos o adiamento das eleições internas sob o argumento de que o partido não se pode dar ao luxo de estar a discutir eleições internas quando tem de preparar legislativas.
Ora, mesmo sem o antecipar, Mota Pinto sugeriu que seria uma “irresponsabilidade” discutir agora a liderança do PSD e que, depois de um campanha interna que se adivinha dura e divisiva, os portugueses dificilmente olharão para o partido como verdadeira alternativa de poder. Para o dirigente social-democrata, até pode servir de “balão de oxigénio” a António Costa.
Mota Pinto argumentou, de resto, que os militantes têm de ter noção que estão a escolher um líder que, “num prazo muito curto”, será candidato a primeiro-ministro, não escondendo, aliás, a sua preferência por Rio, “mais confiável e com um percurso mais coerente” do que Rangel.
Respondendo diretamente ao challenger de Rio, embora sem nunca o nomear, Mota Pinto reconheceu que houve, de facto, partidos que alteraram as suas lideranças a poucos meses de eleições. “Nenhum deles as ganhou. Todos tiveram grandes derrotas“, atirou.
Rangel reforça importância de diretas: líder tem de estar “fortemente legitimado”
Entretanto, nas redes sociais, Rangel apontou o dedo a António Costa e mas voltou a reforçar a ideia de que o PSD tem de ter um líder perfeitamente legitimado em eleições internas antes de ir a votos.
“A irresponsabilidade do PS pode deixar o país sem rumo. A haver crise política, temos de corresponder ao que os portugueses esperam de nós. Estar preparado para qualquer cenário impõe também estar fortemente legitimado para todas as eventualidades”, escreveu no Twitter.
A irresponsabilidade do PS pode deixar o país sem rumo. A haver crise política, temos de corresponder ao que os portugueses esperam de nós. Estar preparado para qualquer cenário impõe também estar fortemente legitimado para todas as eventualidades. Por Portugal e pelo #PSD! pic.twitter.com/uUXvzF8jF1
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) October 25, 2021
No sábado, o Observador antecipava parte da estratégia de Rangel para lidar com uma possível crise política e esvaziar a argumentação de Rio — a mesma usada por Mota Pinto na SIC Notícias.
O candidato à liderança do PSD tem uma task force pronta a trabalhar na elaboração das bases de um programa eleitoral para estar pronto a enfrentar uma campanha eleitoral a curto prazo.
Por outras palavras: Rangel nunca aceitará adiar as eleições internas do PSD e tudo fará para esvaziar as eventuais pretensões de Rui Rio.
Rangel tem task force para lançar bases de programa eleitoral em caso de crise política