Perto de 200 refugiados ocuparam esta segunda-feira uma estação ferroviária no sudeste de França, após um centro-refúgio humanitário localizado na fronteira com Itália ter interrompido a admissão de novas pessoas devido a sobrelotação, divulgaram as autoridades locais.

Segundo uma fonte da polícia local, as pessoas que ocuparam esta segunda-feira a estação ferroviária de Briançon são sobretudo refugiados afegãos, principalmente homens jovens e algumas famílias.

Num comunicado, as autoridades do departamento francês dos Altos-Alpes avançaram que “mobilizaram os meios necessários para a manutenção da ordem pública” e que estão a estudar soluções “para o transporte de pessoas que reúnam as condições para tal”, bem como “para o atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade”.

No domingo, a associação Refuges Solidaires, que gere o centro-refúgio Terrasses Solidaires, alertou que estava a testemunhar um grande fluxo migratório e que a suas capacidades de acolhimento estavam a atingir um limite incomportável.

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“Mais de 200 pessoas em instalações que têm uma capacidade máxima de 80 pessoas”, denunciou a associação humanitária, tendo anunciado, nesse mesmo dia, que a admissão de novas pessoas no centro-refúgio ia ser totalmente interrompida.

Na mesma ocasião, a associação defendeu a necessidade de aplicar medidas “o mais rápido possível”, frisando, nomeadamente, o envolvimento de outros intervenientes no acolhimento de emergência de refugiados, em complemento com as ações desenvolvidas pela Refuges Solidaires.

Ainda no domingo, a associação indicou que sabia que cerca de 180 migrantes estavam “do outro lado da fronteira”, a caminho de Briançon, tendo alertado então que estas pessoas “não podiam ser recebidas” no centro-refúgio e que teriam de prosseguir viagem para outro local.

“É uma questão de dignidade e de segurança, mas sobretudo de segurança”, explicou o administrador e voluntário da associação Refuges Solidaires, Jean Gaboriau, em declarações à agência France-Presse (AFP).

As autoridades do departamento francês dos Altos-Alpes referiram, por sua vez, que muitas destas pessoas que chegaram a Briançon encontram-se “em situação irregular no que se refere ao direito de permanência”, uma vez que não solicitaram o pedido de asilo no primeiro país de entrada na Europa, que em muitos dos casos foi Itália.

As mesmas autoridades indicaram igualmente que as capacidades de alojamento de emergência providenciadas pelo Estado foram “amplamente aumentadas” nos últimos anos, tanto para os requerentes de asilo como para outras pessoas classificadas como vulneráveis, que são elegíveis “para o sistema de alojamento de emergência de direito comum, dentro dos limites dos lugares disponíveis”.