O Canadá vai tornar-se o terceiro país do mundo, depois da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, a receber refugiados norte-coreanos, no âmbito de um programa que está a ser preparado por uma organização humanitária canadiana.

Sean Chung, diretor executivo da HanVoice, disse esta terça-feira que o programa piloto, criado em parceria com o governo do Canadá, visa trazer cinco famílias de refugiados norte-coreanos da Tailândia para o Canadá nos próximos dois anos.

A Tailândia é um importante país de trânsito para refugiados norte-coreanos, porque não os envia de volta para a Coreia do Norte ou para a China, mas não os incorpora na sociedade.

A China, principal aliado da Coreia do Norte, tem sido frequentemente acusada de devolver os fugitivos norte-coreanos à força, apesar do risco de tortura e prisão.

Entre os candidatos na Tailândia, o Canadá vai dar prioridade às famílias de mulheres norte-coreanas que sobreviveram ou estão em risco de violência sexual e de género, disse Chung.

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Os canadianos que se oferecerem como anfitriões terão de apoiar as famílias durante 12 meses ou até que estas se tornem autossuficientes.

O período de acolhimento pode ser estendido até um máximo de 36 meses em casos excecionais, disse a HanVoice, em comunicado divulgado esta terça-feira.

“A comunidade estará envolvida em todas as etapas do processo, desde a obtenção de dinheiro para patrocinar as famílias até ir buscar as pessoas ao aeroporto e ajudar a matricular os filhos na escola”, disse Chung, sublinhando tratar-se de um programa “exclusivamente canadiano”.

Para os fugitivos norte-coreanos, a maioria dos quais são mulheres que passaram por experiências traumáticas em trânsito, este é um novo caminho seguro e um novo começo”, acrescentou.

Acredita-se que dezenas de milhares de norte-coreanos vivam escondidos na China, enquanto cerca de 34.000 outros norte-coreanos fugiram para a Coreia do Sul, onde podem receber cidadania e outros benefícios sob uma lei que considera a Coreia do Norte parte do seu território.

Os Estados Unidos admitem refugiados norte-coreanos, mas o número foi muito limitado depois da adoção da Lei de Direitos Humanos da Coreia do Norte, em 2004.

Segundo Chung, os fugitivos norte-coreanos não conseguiam, até agora, aceder ao sistema de refugiados do Canadá, embora alguns tenham migrado para o Canadá, Europa Ocidental e Austrália após se estabelecerem na Coreia do Sul.