Uma grande operação policial realizada esta terça-feira na Bélgica contra uma organização criminosa envolvida no tráfico de cocaína levou à detenção de 64 pessoas e ao desmantelamento de seis laboratórios, anunciou a Procuradoria Federal.

“A operação visava uma organização criminosa suspeita de estar ativa no tráfico de cocaína entre a América do Sul e a Europa”, disse Eric Jacobs, diretor da Polícia Judicial Federal (PJF) de Bruxelas, em conferência de imprensa.

Segundo o responsável, um grupo de criminosos baseado na Bélgica, principalmente em Bruxelas, “organiza a receção da cocaína, a sua extração e o recondicionamento em laboratórios belgas“.

Estimamos a produção em uma tonelada de cocaína em Bruxelas e nos arredores. Depois deste recondicionamento, os transportadores asseguram a distribuição para o resto da Europa”, prosseguiu.

Mais de mil polícias estiveram envolvidos nas buscas na área de Bruxelas e em Antuérpia, que se tornou “o principal porto europeu de entrada de cocaína”, afirmou Eric Snoeck, diretor-geral da PJF.

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O crime organizado internacional e até mesmo global está claramente muito bem estabelecido na Bélgica”, comentou.

Segundo a Rádio e Televisão Belga Francófona (RTBF), o alvo da operação era uma organização composta por vários clãs ligados à máfia calabresa, a N’drangheta, e à máfia albanesa.

“A estrutura criminal foi organizada a partir da Alemanha, Itália e Bélgica”, precisaram fontes da RTBF.

Esta operação antidroga é a maior desde a ação desenvolvida em março, graças à descodificação de cerca de 700 milhões de mensagens enviadas através da rede de comunicações Sky ECC utilizada por grupos criminosos.

A exploração dos dados recolhidos neste caso, que foi o resultado de uma cooperação europeia, também levou a acusações em França na primavera.

Em junho, o canadiano Thomas Herdman, um dos principais distribuidores da rede telefónica Sky ECC, que está no centro das investigações contra o crime em todo o mundo, foi acusado e encarcerado em Paris, contestando as acusações.

A Bélgica e os Países Baixos tornaram-se nos principais centros de tráfico de cocaína cujo destino é a Europa, suplantando a Espanha, a antiga principal rota de entrada, de acordo com um relatório da Europol publicado em setembro.

Em 2020, as apreensões de cocaína em Antuérpia totalizaram 65,6 toneladas, um novo recorde. A Colômbia, Brasil e Equador são os três principais países exportadores.

Em 18 de outubro, a Justiça belga anunciou o desmantelamento de uma organização criminosa que utilizava a rede de telecomunicações Sky ECC.

Esta rede é suspeita de ter importado mais de 15 toneladas de cocaína para a Bélgica através dos portos de Antuérpia e Roterdão, com filiais em Espanha e na Colômbia.