A decisão de Israel de colocar seis organizações não-governamentais (ONG) palestinianas na lista de “organizações terroristas” é arbitrária e constitui um ataque aos defensores dos direitos humanos, disse esta terça-feira a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Num comunicado, Michelle Bachelet declarou que a legislação antiterrorismo não deve ser aplicada a direitos humanos legítimos e atividades de ajuda humanitária.

“As organizações, que incluem alguns dos principais parceiros do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas, estão a enfrentar terríveis consequências como resultado dessa decisão arbitrária, assim como as pessoas que financiam e trabalham com estas” organizações, disse Bachelet.

A alta comissária da ONU afirmou que “o trabalho crucial que estas organizações fazem para milhares de palestinianos corre o risco de ser interrompido ou severamente restringido”.

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Além disso, segundo Bachelet, a decisão dos israelitas de colocar estas ONG nesta lista “viola o direito à liberdade de associação dos envolvidos e, de forma mais ampla, têm um efeito negativo sobre os defensores dos direitos humanos e o espaço cívico”.

O Governo israelita anunciou na sexta-feira que acrescentou seis ONG palestinianas, que trabalham pela defesa dos direitos humanos e de prisioneiros, à sua lista de “organizações terroristas” por estarem alegadamente ligadas à Frente Popular pela Libertação da Palestina (PFLP), um grupo armado palestiniano perseguido pelo Estado hebraico.

ONG palestinianas que Israel declarou “terroristas” pedem apoio internacional

A decisão israelita foi duramente criticada pela Autoridade Palestiniana e por organizações internacionais. Na segunda-feira, especialistas da ONU apelaram ao Estado hebraico a recuar, falando num “ataque frontal ao movimento palestiniano pelos direitos humanos”.

“Reivindicar direitos perante a ONU ou outro organismo internacional não é um ato de terrorismo, defender os direitos das mulheres nos Territórios Palestinianos Ocupados não é terrorismo e fornecer assistência jurídica aos palestinianos detidos não é terrorismo“, disse Bachelet, no comunicado, enfatizando que Israel não apresentou “nenhuma prova” das suas acusações.

Por sua vez, os Estados Unidos afirmaram que “consultariam os seus parceiros israelitas para obter mais informações sobre os fundamentos” desta decisão.

Israel anunciou na segunda-feira que enviaria um enviado aos Estados Unidos para apresentar “evidências” que justificam a sua decisão.