Seis arguidos, de nacionalidade portuguesa, espanhola, colombiana e dominicana, começam a ser julgados na quinta-feira no Tribunal de Viana do Castelo, com medidas de segurança reforçadas, pela prática em coautoria de um crime de tráfico de droga.

De acordo com informação que consta no portal Citius, consultado esta terça-feira pela agência Lusa, o julgamento dos seis homens, com idades entre os 38 e os 54 anos, tem início na quinta-feira, às 9h30, sendo que a sessão decorrerá todo o dia.

Para sexta-feira, às 14h00, está marcada nova sessão.

Os seis arguidos foram detidos em março de 2020, num armazém situado na zona industrial de Vila Nova de Muía, em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo.

A “Operação Alçapão”, desencadeada pela Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), da Polícia Judiciária (PJ), por suspeitas de integrarem uma organização criminosa transnacional dedicada à introdução de cocaína no continente europeu via marítima, com recurso a contentores, viria a resultar na apreensão de mais de 500 quilogramas de cocaína, proveniente da Colômbia.

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A organização a que os arguidos — todos em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Setúbal — pertenciam e que introduzia na Europa cocaína proveniente da América latina começou a ser investigada pela PJ em maio de 2019.

Nessa data, segundo a acusação do Ministério Público (MP) a que a Lusa teve esta terça-feira acesso, numa fiscalização aleatória da Autoridade Tributária e Aduaneira é detetado no porto de Setúbal um contentor carregado com 1.080 caixas de banana, importada por sociedade com sede em Arcos de Valdevez, também no distrito de Viana do Castelo, e com 170 quilogramas de cocaína.

A droga estava escondida nas paredes duplas de um contentor que transportava ananás, coco e banana.

Em março de 2020, após quase dois anos de investigação, a PJ localizou no Porto um outro contentor, carregado com paletes de ananás, importadas por outra sociedade importadora de fruta, entretanto criada naquele concelho, na sequência da extinção da primeira empresa.

O contentor foi transportado para o armazém na zona industrial de Vila Nova de Muía e, segundo a acusação, deduzida em março e com 20 páginas, também transportava 400 quilos de cocaína, desta vez escondidos num fundo falso.

Para desmantelar o contentor, os arguidos compraram, em Braga, “ferramentas e material necessário ao corte do fundo falso, no valor total de 7.819,86 euros”.

No interior do armazém, em Ponte da Barca, e depois de terem retirado “as paletes de ananás espalhando-as pelo chão e destruindo a fruta”, os arguidos “preparavam-se para cortar o fundo do contentor, debaixo do qual se encontravam escondidas 340 placas de cocaína, com o peso total de 308.011,6 [quilos] de cocaína (cloridrato), correspondente a 1.226.682 doses individuais”.

Dentro de uma carrinha alugada por um dos arguidos, em Barcelona, Espanha, foram encontrados 19 sacos de desporto vazios, sendo que em “cada um seria possível colocar 20 placas idênticas às apreendidas, pelo que a totalidade dos sacos permitiria o transporte e acondicionamento do total de 380 dessas placas e bastariam 17 dos 19 sacos apreendidos para transportar as 340 placas que, efetivamente, se encontravam no contentor”.

“Os arguidos quiseram receber a cocaína que havia sido importada da Colômbia (…). Pretendiam retirá-la do contentor e encaminhá-la para destino desconhecido, o que só não fizeram por terem sido interrompidos pela Polícia Judiciária (…) Sabiam todos os arguidos que a sua conduta é proibida por lei e, ainda assim, atuaram do modo descrito”, refere a acusação.

No documento, a procuradora defende a “realização de pesquisa informática” para “permitir ainda apurar outros factos e encontrar elementos de prova relevantes quanto à atividade ilícita destas pessoas”.