No México, Rafa Márquez é muito mais do que um ex-jogador de futebol. O kaiser, como é tantas vezes apelidado no país onde nasceu, é considerado um dos melhores jogadores da história do país, um dos melhores capitães da história do país e um dos que, a par de Hugo Sánchez ou Cuauhtémoc Blanco, mais promoveu o futebol mexicano além fronteiras. Grande parte disso, para lá das quase 150 internacionalizações, prende-se com o facto de ter conquistado praticamente tudo com o Barcelona. O que ninguém sabia era que Márquez, no início do século, esteve quase a assinar pelo Real Madrid.

“Estive muito perto de chegar ao Real Madrid. No meu segundo ano no Mónaco estivemos em negociações mas foram-se prolongando até ao momento em que começaram a contratar os galácticos. Depois apareceu o Ronaldo… E acabei por não ir. Como mexicano, o meu ídolo era o Hugo Sánchez, que jogou lá, e pensei em ir também. Mas quando chegas à instituição que é o Barcelona, apaixonas-te. Mudei todas as minhas ideias e o meu coração vai ser sempre culé“, revelou o antigo central, um de apenas quatro jogadores que estiveram em cinco Campeonatos do Mundo, ao programa espanhol “El Chiringuito”.

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O antigo central só deixou a seleção mexicana depois do Mundial 2018, aos 39 anos e após ter participado em cinco Campeonatos do Mundo

E a verdade é que a decisão, pelo menos no que toca a títulos, acabou por ser a mais correta. Depois de ser campeão francês pelo Mónaco, Rafa Márquez conquistou cinco ligas espanholas, duas Ligas dos Campeões, uma Supertaça Europeia, um Mundial de Clubes, uma Taça do Rei e ainda três Supertaças espanholas no Barcelona. De 2003 a 2010, foi treinado por Carles Rexach, Louis van Gaal, Radomir Antić, Frank Rijkaard e ainda assistiu ao início da era de Pep Guardiola antes de rumar aos New York Red Bulls. Mais do que isso, foi espectador privilegiado da ascensão de um jovem argentino chamado Lionel Messi.

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“A minha relação com Messi foi muito boa. Não éramos grandes amigos mas sempre tivemos uma relação cordial. Tínhamos uma personalidade parecida, éramos os dois calados fora de campo mas lá dentro acabávamos por nos transformar”, revela o mexicano, defendendo que Pelé é “o melhor jogador da história”, recordando a “magia, festa e alegria” de Ronaldinho e garantindo que Lewandowski tem de ser o favorito à Bola de Ouro por ser o mais “regular”.

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Na entrevista, Márquez não quis fazer grandes comentários ao atual momento do Barcelona mas acabou por revelar que foi contactado pela atual direção catalã, liderada por Joan Laporta, e recebeu um convite para integrar a estrutura. “Fui convidado para treinar os escalões inferiores, sim. Estivemos a falar mas eu ainda preciso de tirar o curso de treinador. É lamentável este momento que o clube está a viver. É altura de os apoiar, nos bons e nos maus momentos. Vai demorar um bom tempo até conseguirem voltar àquilo a que estávamos habituados”, afirmou o antigo central, que atualmente vive em Madrid e orienta a formação do Alcalá, da terceira divisão espanhola.