O entusiasmo era para lá de muito: pelo terceiro ano consecutivo, o Sp. Braga estava na final do Mundial de clubes de futebol de praia e podia tornar-se tricampeão mundial. Contudo, esta quarta-feira e a jogar na Rússia, os minhotos perderam por 6-4 com o Lokomotiv Moscovo e falharam o objetivo histórico. Horas depois, demonstraram “profunda insatisfação” com a organização da competição.

Em comunicado, o Sp. Braga acusou principalmente um comité organizador que diz ser “de nível amador”. “Um evento de elite como este não pode, de maneira nenhuma, contar com um comité organizador de nível amador, que teve constantes demonstrações de uma falta de respeito gritante pela condição física dos nossos atletas e, também, pela verdade desportiva da própria competição. Numa altura em que se pretende valorizar o Futebol de Praia enquanto modalidade de elite, este tipo de situações gravosas têm o efeito contrário: o amadorismo organizacional não poderá nunca ter lugar no desporto de alta competição”, começaram por referir os minhotos, continuando depois com a garantia de que “os problemas, a falta de respeito e o amadorismo começaram a surgir em catadupa” assim que a equipa aterrou em Moscovo.

“A nossa equipa chegou a Moscovo na madrugada de segunda-feira (25 de outubro), já depois da meia-noite local. Devido a questões relacionadas com medidas de confinamento derivadas da pandemia, a Beach Soccer Worldwide comunicou que a competição passaria a realizar-se já na terça-feira, com três jogos em 24 horas. Logo aqui, a nossa equipa estaria em desvantagem competitiva em relação aos adversários, já que todas as restantes sete equipas se encontravam na Rússia há, pelo menos, um dia. Entretanto, na manhã de terça-feira, o plano competitivo foi novamente alterado, com a agravante de que passariam a ser jogos a eliminar e sem qualquer tipo de sorteio, o que desvirtuaria, por completo, toda a competição”, acrescentou o Sp. Braga.

Em seguida, o clube revela que quatro jogadores — Lucão, Filipe, Rafael Padilha e Pedro Mano — foram impedidos de viajar para a Rússia em tempo útil quando tinham toda a documentação válida e “devido a constrangimentos políticos com a União Europeia”. “De forma a ultrapassarem esta situação (desprezada pelo comité organizador), foram obrigados a fazer escala em Paris, dormindo no chão do aeroporto enquanto esperavam, desesperadamente, por autorização para seguirem rumo a Moscovo. Esse consentimento só chegou ao final da manhã de terça-feira, o que fez com que os referidos jogadores chegassem literalmente em cima da hora do primeiro jogo, frente ao Tokyo Verdy, praticamente sem a possibilidade de fazerem sequer o aquecimento (!) e sem a possibilidade de se alimentarem de forma adequada para a prática desportiva”, acrescentam os minhotos, que para além de bicampeões mundiais são também vice-campeões europeus de futebol de praia.

“O Sp. Braga aposta, há vários anos, no Futebol de Praia e quer continuar a elevar a modalidade ao mais alto nível, de forma a prestigiar o Clube e também o nosso País além fronteiras. No entanto, este tipo de situações faz-nos repensar seriamente se valerá a pena todo o esforço, investimento e sacrifício para disputarmos uma competição de organização amadora, com árbitros tendenciosos e na qual o nome centenário do Sp. Braga foi, em vários momentos, alvo de profundo desrespeito”, termina o comunicado, que deixa ainda várias críticas à arbitragem da final, onde Léo Martins e Filipe Silva foram expulsos.

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