Um grupo de arqueólogos, pertencentes à Universidade da Colômbia, em colaboração com o Museu do Ouro de Bogotá e a Universidade Javierana, encontraram oito vasos de cerâmica repletos de esmeraldas que se pensa estarem relacionados com a lendária cidade de El Dorado.
As escavações aconteceram após a descoberta de um antigo templo da civilização Muisca, que interrompeu a construção de estradas na província de Cundinamarca, na Colômbia.
Alguns destes vasos continham ainda, segundo a ABC, figuras em ouro e uma concha marinha das Caraíbas. Esta região oriental da cordilheira dos Andes corresponde à área onde se procurou outrora a cidade de El Dorado, que a literatura e a cultura popular associam a uma cidade inteiramente construída em ouro.
Para o diretor da escavação, Francisco Correa, citado pela National Geographic espanhola, estes recipientes estão ligados a um ritual de sacrifício, uma vez que era comum os indígenas enterrarem objetos de grande valor em sinal de respeito para com os deuses da sua cultura.
A dúvida para o investigador é se este espaço agora descoberto era um túmulo com oferendas a antepassados, ou se era de facto um templo dedicado às divindades dos indígenas que o construíram.
A surpresa dos arqueólogos encarregues desta escavação começou logo no primeiro vaso analisado, que no seu interior tinha não só esmeraldas como também representações de entidades que tanto poderiam corresponder a deuses como a nobres ou sacerdotes da época, com cetros e armas. Os jarros seguintes revelaram ainda mais amuletos com o formato de serpentes e de agulhas.
A civilização Muisca residiu nesta região entre os séculos VI A.C. até à chegada dos europeus por volta de 1530. Segunda a Live Science, os vasos foram criados há cerca de 600 anos.
Esta civilização ficou conhecida pela sua capacidade de trabalhar diferentes tipos de metal, e poderão ter sido as obras desta cultura a inspirar a lenda de El Dorado. A população Muisca, contudo, semelhante a outras civilizações da América Latina, foi substancialmente reduzida entre 1537 e 1540, tanto por combates com os colonos espanhóis como pela propagação de doenças para as quais esta população não tinha anticorpos. Alguns descendentes deste povo, ainda assim, sobreviveram até aos dias de hoje.
À revista científica, Francisco Correa explicou que este povo tinha a tradição de realizar cerimónias onde o chefe da tribo aparecia coberto de óleos repletos de partículas de ouro, e que ao presenciar esta cerimónia, “que foi uma das razões para a criação do mito de El Dorado” os espanhóis associaram esta tradição e o manuseamento do ouro por parte da cultura Muisca com a ideia de uma cidade repleta deste metal precioso.