Joe Biden reuniu-se esta sexta-feira com o Papa Francisco durante 90 minutos, mais tempo do que o habitual em visitas oficiais ao Vaticano, na primeira etapa da sua digressão europeia. O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) descreveu o sumo pontífice, de acordo com a CNN, como o “guerreiro mais significativo da paz que conheceu”. 

“É bom estar de volta”, disse o chefe de Estado à chegada ao Vaticano, lembrando que já tinha ali estado na condição de vice-Presidente dos EUA, durante a presidência de Barack Obama. Foi também durante esta fase da vida que o Papa Francisco mais apoio deu a Joe Biden, ajudando-o a ultrapassar a morte do filho, Beau Biden.

Numa conversa informal, Joe Biden assinalou ser o” único irlandês que nunca bebeu [álcool]”, após o Papa ter aludido ao facto de que os “irlandeses adoram whisky”. Além disso, o Presidente dos EUA garantiu ao sumo pontífice ser um “bom Católico”, oferecendo-lhe como uma prenda uma moeda de ouro com o selo dos Estados Unidos de um lado e com o selo do Delaware do outro.

O aborto, um dos temas esperados que os dois líderes internacionais discutissem, foi um assunto que não foi abordado durante o encontro. Durante a reunião privada, Biden e o Papa deram prioridade a tópicos como o “compromisso comum de proteger e cuidar do planeta, a crise sanitária e a luta contra a pandemia de Covid-19”, mas o Papa também insistiu em ouvir Biden sobre “a questão dos refugiados e a assistência aos migrantes”, de acordo com um comunicado de imprensa do Vaticano.

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Também foi feita referência à “proteção dos direitos humanos, incluindo o direito à liberdade de religião e de consciência”, bem como “questões relacionadas assuntos internacionais atuais”, na véspera da cimeira do G20 em Roma, em que Biden participará.

Segundo uma nota da Casa Branca, o Presidente Biden agradeceu a Francisco “pela sua defesa dos pobres do mundo e daqueles que sofrem com fome, conflito e perseguição” e “elogiou a liderança do Papa na luta contra a crise climática”.

Os dois líderes também abordaram os esforços para reunir apoio global para a vacinação contra a Covid-19 nos países em desenvolvimento e Biden agradeceu ao Vaticano “por falar em nome dos detidos injustamente, incluindo na Venezuela e em Cuba”, segundo a nota da Casa Branca.

O Papa Francisco e Biden apertaram as mãos em sinal de amizade enquanto falavam, segundo imagens fornecidas pelo Vaticano, e também houve momentos em que o pontífice riu das palavras do Presidente norte-americano, o segundo Presidente católico da história dos Estados Unidos a ser recebido por um Papa, após John Kennedy.

Durante a tradicional troca de presentes, o Papa ofereceu a Biden uma peça de cerâmica representando um peregrino e o Presidente dos Estados Unidos também deu a Francisco uma peça da Companhia de Jesus bordada à mão, de 1930, que pertence ao acervo da Igreja da Santíssima Trindade em Washington, onde o líder norte-americano vai à missa aos domingos.

A delegação norte-americana incluiu ainda o secretário de Estado, Antony Blinken, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, e a primeira-dama, Jill Biden.

Biden iniciou esta sexta-feira no Vaticano uma viagem de cinco dias pela Europa que o levará no sábado à vizinha Roma, para participar na cimeira do G20, e posteriormente a Glasgow para a conferência climática COP 26.

As personalidades presentes ou ausentes na COP26

Na véspera do encontro entre Biden e o Papa Francisco, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse prever “um diálogo caloroso e construtivo entre os dois líderes”.

“Há uma grande concordância e sobreposição de pontos de vista entre o Presidente (Biden) e o Papa Francisco em várias questões: pobreza, combate à crise climática, combate à pandemia de Covid-19”, explicou Psaki.

Após o primeiro encontro com Francisco como Presidente dos Estados Unidos, Biden encontrou-se ainda com o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.