O primeiro-ministro italiano, Mário Draghi, abriu este sábado em Roma a cimeira do G20, pedindo aos líderes maior colaboração internacional para enfrentar a pandemia, promover a recuperação económica global, a luta contra as mudanças climáticas e construir um “novo modelo económico”.

“Estamos a construir juntos um novo modelo económico, do qual o mundo vai beneficiar”, afirmou o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) no discurso de abertura da reunião de chefes de Estado e de Governo das maiores economias do mundo, que decorre hoje e domingo, na capital italiana.

No seu primeiro encontro presencial desde o início da pandemia, o G20 abordará temas como o compromisso de atingir a descarbonização até 2050, a imposição de um imposto mínimo de 15% para as grandes empresas multinacionais e como aumentar o envio e a produção de vacinas, nos países mais vulneráveis e com menos recursos.

“A pandemia manteve-nos separados, como fez com todos os nossos cidadãos. E, mesmo antes disso, enfrentamos protecionismo, unilateralismo, nacionalismo. Mas, quanto mais enfrentamos todos os nossos desafios, mais claro fica que o multilateralismo é a melhor resposta para os problemas de hoje”, disse Draghi.

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“Em muitos aspetos, é a única resposta possível. Da pandemia às mudanças climáticas e aos impostos justos e equitativos, ficar sozinho não é uma opção. Devemos fazer todo o possível para superar as nossas diferenças. E é preciso reavivar o espírito que levou à criação deste grupo”, acrescentou.

A reunião deste fim de semana conta com a presença dos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, de França, Emmanuel Macron, da Argentina, Alberto Fernández, e do Brasil, Jair Bolsonaro, entre outros chefes de Estado, assim como do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e do ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, em representação do Presidente Andrés Manuel López Obrador.

Mário Draghi lembrou que a pandemia está gradualmente a desaparecer, com o avanço da campanha de vacinação e os planos de governos e bancos centrais para que “a economia mundial recupere” e tenha início um processo de crescimento sustentável, sem desigualdades.

Contudo, avisou que o coronavírus não desapareceu e que o progresso na imunização das populações é desigual, algo que descreveu como “inaceitável” e uma ameaça à recuperação económica global.

O primeiro-ministro italiano encorajou os países a continuarem os seus esforços para vacinar 40% da população mundial até ao final de 2021 e 70% até meados de 2022, uma meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ao mesmo tempo que prosseguem os investimentos em investigação, se eliminam “as barreiras comerciais que afetam as vacinas covid-19” e se melhora “a previsibilidade da sua aplicação”.

Antes do início da reunião, Mário Draghi cumprimentou brevemente, um a um, os vários líderes que iam chegando e que entraram, depois, na sala onde decorreu a primeira sessão do encontro, dedicada à economia global e saúde.

Antes do início da primeira reunião plenária, os líderes irão posar para uma foto do grupo.

A cimeira do G20 termina no domingo, com uma conferência de imprensa do ex-presidente BCE, que sintetizará os acordos alcançados.

Outras figuras que também participam no encontro são a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a chanceler cessante da Alemanha, Angela Merkel – que chegou esta manhã a Roma -, e o candidato à sua sucessão, Olaf Scholz.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também foram cumprimentados por Draghi, assim como o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, a quem chamou de “ditador” há alguns meses.

Duas das grandes ausências na cimeira são os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, que participarão por videoconferência.