A startup de origem alemã Sono Motors concebeu o Sion, um veículo eléctrico que seguramente não tem na estética um dos seus maiores atributos, mas que se destaca pela capacidade fornecer energia à rede em vez de apenas extraí-la, graças a um sistema de carga bidireccional, e sobretudo por conseguir recarregar a sua bateria de iões de lítio mediante a exposição solar, graças a 248 células fotovoltaicas integradas na carroçaria e no tejadilho. Uma ideia que, segundo a empresa, já atraiu 15.000 clientes, entre os quais se encontram portugueses. Quantos não é especificado.

O hábito de procurar uma sombra para estacionar é desaconselhado para quem quiser retirar o máximo partido do Sion e usufruir de energia a custo zero. Como qualquer outro eléctrico a bateria, o hatchback alemão é recarregável por cabo, mas a ligação à corrente é complementada pelos referidos painéis fotovoltaicos, capazes de injectar no acumulador energia suficiente para percorrer até 245 km. Isto em condições óptimas e ao longo de uma semana, estima a própria Sono Motors. Mas com a vantagem de a electricidade ser à borla, potencialmente para percorrer “5800 km por ano”.

Terá sido esse o grande aliciante na base das 15.000 reservas que a companhia anunciou ter, cada uma sinalizada com o depósito de 500€. Ou seja, ainda com o protótipo em desenvolvimento e adiantando desde já que só começará a entregar as primeiras unidades do Sion no primeiro semestre de 2023, a Sono já conseguiu amealhar do seu lado 7,5 milhões de euros por conta das demonstrações de interesse. A maioria é proveniente da Alemanha, Áustria e Suíça, mas há outros países europeus interessados em explorar a energia solar para carregar o seu veículo eléctrico, onde se incluem Portugal, Espanha, França, Itália e Holanda, com “números crescentes”.

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Eléctrico que carrega ao sol reúne 50 milhões

Recorde-se que a ideia original, que remonta a 2018, era comercializar o Sion por valores na casa dos 20.000€. Valor que foi depois revisto em alta com a abertura das pré-reservas, subindo para 25.500€. Agora a Sono avisa que o preço vai de novo aumentar, fruto da procura, fixando-se nos 28.000€. O anunciado incremento de preço vai mesmo acontecer, seja a partir do momento em que as encomendas atinjam as 16.000 unidades, seja a partir do próximo dia 15, dependerá do que ocorrer primeiro.

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Entretanto, o desenvolvimento do veículo prossegue e com ele vão sendo alteradas algumas das suas primeiras especificações. A bateria, por exemplo, passou de 35 kWh de capacidade para 54 kWh, numa tentativa de estender o anterior alcance de 255 km para cerca de 305 km. O acumulador, que pesa 360 kg, privilegia a química LFP (fosfato de ferro-lítio), mais barata, mas também mais duradoura e com menor tendência para arder. Segundo a Sono Motors, o acumulador do Sion está preparado para 3000 ciclos de carga e continua a ser refrigerado a líquido, tal como previa o primeiro protótipo. O carregamento pode efectuar-se com uma potência máxima de 75 kW em corrente contínua (DC), o que lhe permite atingir os 100% ao fim de uma hora, ou 5 horas em corrente alternada (AC) a 11 kW. Quanto ao motor eléctrico que se encontra montado no eixo dianteiro, mantém a entrega de 120 kW (163 cv) de potência e 270 Nm de binário máximo. A velocidade máxima estará limitada a 140 km/h (dados disponíveis aqui).

Concebido na Alemanha, o Sion vai ser fabricado na Suécia, mais especificamente na antiga fábrica da SAAB, em Trollhättan. A NEVS será o parceiro de produção da Sono Motors, empresa que sinaliza que, nos primeiros sete anos, podem ser produzidos mais de 257.000 Sion. Depois disso, estima-se que o eléctrico que recarrega sozinho com a luz do sol deverá ver a produção anual fixar-se nas 43.000 unidades. Mas, para já, saem apenas 11 protótipos de 3.ª geração para, na primeira metade de 2022, prosseguir o desenvolvimento deste peculiar eléctrico, capaz de fornecer electricidade a qualquer equipamento até 3,7 kW.