Desde final de 2017 que o Facebook ampliou o mecanismo de identificação de pessoas em fotografias ou vídeos onde não tinham sido identificadas. A ferramenta deixou por mais que uma vez a empresa em maus lençóis, classificando, por exemplo, pessoas negras como “primatas”, o que obrigou o Facebook, em setembro, a vir a público pedir “desculpa” e a desativar a função de recomendação de tópicos. Agora, a empresa — Meta — fala numa “das maiores mudanças no uso do reconhecimento facial na história da tecnologia”, considerando que “mais de um terço” dos atuais utilizadores do Facebook tinham mesmo optado pelo reconhecimento facial automático.
“Olhando para o futuro ainda vemos a tecnologia de reconhecimento facial como uma ferramenta poderosa, por exemplo, para pessoas que precisam de verificar a identidade ou para evitar fraude e falsificação de identidade. Continuaremos a trabalhar nesta tecnologia, envolvendo especialistas externos”, escreve a Meta num comunicado divulgado esta terça-feira, que dá conta do fim do reconhecimento automático dentro de pouco tempo.
Admitindo que é necessário “avaliar” a utilidade do reconhecimento facial, considerando “as crescentes preocupações sobre o uso” da tecnologia e a falta de regras estabelecidas pelos reguladores que ainda se estão a adaptar, conclui a empresa que dada a incerteza “é apropriado limitar o uso do reconhecimento facial a um conjunto restrito de casos de utilização”.
O que acontece com os dados armazenados? Segundo a empresa serão definitivamente apagados. Em que continuará a ser usado, então, o reconhecimento facial? Para “obter acesso a uma conta bloqueada, verificar a identidade em produtos financeiros ou desbloquear um dispositivo pessoal”. “São sítios onde o reconhecimento facial tem um grande valor e é socialmente aceitável, quando implementado com cuidado”, escreve a Meta, acrescentando que irá garantir que “as pessoas terão transparência e controlo sobre se são ou não automaticamente reconhecidas”.
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“Cada nova tecnologia traz quer potencial quer preocupação e queremos encontrar o equilíbrio certo. No caso do reconhecimento facial e o seu papel a longo prazo na sociedade é preciso um debate amplo entre quem será mais afetado. Continuaremos dentro da discussão e a trabalhar com os grupos da sociedade civil e os reguladores que estão à frente dessa discussão”, lê-se no comunicado.