O ministro das Infraestruturas e da Habitação afirmou esta terça-feira que a ligação ferroviária entre Vila Real de Santo António, no Algarve, e a cidade espanhola de Huelva, e depois a Sevilha, está no “topo das prioridades” do Governo.

Pedro Nuno Santos deixou esta garantia ao país e ao Algarve em Vila Real de Santo António, ao discursar na cerimónia de assinatura do contrato de consignação da obra de eletrificação da linha ferroviária do Algarve entre essa cidade algarvia e Faro, realizada esta terça-feira na estação de comboios da localidade fronteiriça com Espanha.

Há dois anos atrás, pouco se falava da ligação a Sevilha. Os algarvios nunca se esqueceram dela, mas a verdade é que, nos últimos tempos, ela ganhou uma nova centralidade, porque cada vez que nós falamos com espanhóis das ligações a Espanha, no topo das nossas prioridades está a ligação de Vila Real de Santo António a Huelva/Sevilha”, afirmou Pedro Nuno Santos.

O ministro considerou que esta é uma ligação “muito importante” para Portugal, porque atualmente há “uma linha ferroviária contínua desde a Hungria até Huelva” e à qual faltam cerca de 50 quilómetros, em território espanhol, para poder chegar à fronteira com Portugal, em Castro Marim ou Vila Real de Santo António.

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Pedro Nuno Santos reconheceu que “é difícil compreender” como “uma linha ferroviária que vem da Hungria, atravessa Itália, atravessa França e atravessa Espanha, vai até Sevilha, que é a quarta maior cidade de Espanha, e para em Huelva”, ficando depois “dezenas de quilómetros até à fronteira sem uma linha ferroviária”.

“Já existiu, Espanha levantou os carris, até agora os espanhóis não nos disseram que não — e tenho de ter muito cuidado com o que digo porque são sempre questões diplomáticas e a nossa relação com o Governo espanhol é ótima —-, e embora nunca nos tenham dito que não, não está no topo das suas prioridades”, acrescentou.

Por isso, o governante admitiu que “esta é uma batalha” que “todos terão de travar”, numa referência às entidades do Algarve, ao Governo central e à Região Autónoma da Andaluzia, que “deseja esta ligação”, frisou.

“A partir do momento em que tivermos uma ligação que já vem do centro da Europa e puder ligar ao Algarve, e com o número crescente de turistas e passageiros que escolhem de forma crescente a ferrovia como meio de transporte, dá para perceber obviamente os ganhos que o Algarve terá se nós conseguirmos completar aquela falha que ainda temos entre Huelva e Vila Real de Santo António”, disse, sublinhando que este foi um dos assuntos abordados com as autoridades espanholas na Cimeira Ibérica que se realizou na semana passada, em Trujillo, Espanha.

O ministro destacou também a importância para o ambiente e para economia das famílias da eletrificação da linha do Algarve entre Vila Real de Santo António e Faro, que deverá estar concluída em outubro de 2023, segundo o contrato assinado esta terça-feira entre Infraestruturas de Portugal, que gere a linha ferroviária portuguesa, e o consórcio Sacyr Neopul/Sacyr Somage.

O projeto vai permitir também reduzir entre 10 e 25 minutos o tempo de percurso entre Faro e Vila Real de Santo António e que os comboios de longo curso possam ligar Lisboa à cidade fronteiriça algarvia, além de contribuir para a transição de combustíveis fósseis para uma mobilidade elétrica e para a redução de custos com a criação de um transporte público mais eficiente.