Cleo Smith, uma menina australiana de quatro anos foi finalmente encontrada, bem de saúde, na última terça-feira à noite, após ter estado desaparecida durante 18 dias. A polícia celebrou com efusão, contudo mantém-se muito discreta quanto ao processo de investigação conduzido ao longo de duas semanas. Cameron Blaine foi o detetive que entrou na casa onde a criança se encontrava sequestrada e o subcomissário da polícia Col Blanch foi quem confirmou que Cleo estava sã e salva.

Rápido arranque

Cleo desapareceu a 16 de outubro da tenda onde dormia, durante um acampamento de fim de semana em família no parque de campismo Blowholes. Estava com a mãe, o padrasto e a irmã mais nova e a última vez que falaram foi à 1h30 da manhã porque Cleo pediu água.  Às 6h23 da manhã a mãe ligou para o número de emergência e lançou o alerta para o desaparecimento da filha. Começou então uma busca de 18 dias que uniu uma nação e se tornou tema internacional.

Segundo uma detalhada cronologia do Daily Mail, antes das 8h da manhã já estavam três carros de polícia no parque de campismo, um drone no ar, agentes da polícia tinham passado revista à casa onde Cleo vive e estavam a ser mandados parar os carros que entravam e saíam da zona do parque de campismo. Pouco depois das 8h havia já um helicóptero no ar e ao longo da manhã muitas pessoas se dirigiram até ao parque de campismo para ajudar nas buscas.

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Constante busca por provas

Segundo o Daily Mail, a polícia passou o dia 26 de outubro em casa da família com uma equipa forense e saiu com dois sacos cheios de provas. No dia 1 de novembro, a polícia passou a pente fino uma vasta área com raio de mil quilómetros à volta do acampamento. Vasculhou os caixotes de lixo ao longo de 600 quilómetros de autoestrada, arbustos, casas, áreas industriais e imagens de câmaras de segurança.

A recompensa

A 21 de outubro, a polícia ofereceu uma recompensa de 1 milhão de dólares australianos (cerca de 600 mil euros) por informações que contribuíssem para a investigação. Segundo o Daily Mail, a rapidez em oferecer uma recompensa não tem precedentes. Contudo, segundo noticia o The Guardian, o subcomissário da polícia Col Blanch afirmou não haver nenhuma informação reveladora e a recompensa não será reclamada.

 A equipa

Um agente da autoridade local explica que a resolução do caso se deve a vários elementos, mas destaca a capacidade e qualidade dos recursos humanos como a chave do sucesso. O agente enumera ainda os vários elementos tidos em conta: movimentos de carros, movimentos de telefones e pessoas com antecedentes. “O quebra-cabeças encaixa no puzzle, mas foi necessário um serviço de inteligência analítica muito bom, detetives e especialistas para olharem para toda aquela informação, agregarem-na e avançarem”, acrescenta o subcomissário da polícia Col Blanch, citado pelo jornal britânico.

No dia 27 de outubro foram destacados agentes da polícia federal para o caso. Dois dias depois o detetive responsável, Rod Wilde, confirma que já há agentes de agências nacionais e internacionais dedicados à investigação do desaparcimento.

A comunicação social

No domingo, dia a seguir ao desaparecimento, a mãe de Cleo, Ellie Smith, faz um apelo nas redes sociais pedindo ajuda para encontrar a filha. Mais tarde, o subcomissário Blanch viria a criticar os utilizadores de redes sociais que apontaram o dedo à família de Cleo durante a investigação, sugerindo que seriam eles os culpados do desaparecimento da menina. No dia 19 de outubro, a mãe e o padrasto falaram com a imprensa pela primeira vez e a polícia divulgou fotos da menina e da roupa que estaria a usar na altura em que desapareceu. Entretanto, o caso de Cleo ultrapassou fronteiras e tornou-se notícia internacional.

A importância da comunidade

A polícia pediu a todos os que estiveram nas proximidades do acampamento no dia 15 para entrarem em contacto com a polícia. Segundo a polícia, foi crucial o avistamento de um carro às 3 horas da manhã a virar em direção a Carnarvon e a andar fora da estrada. Mais uma vez, o detetive responsável pela investigação resume o sucesso da investigação ao trabalho árduo da polícia: a task force recebeu mais de mil chamadas da comunidade, mas só na terça-feira, véspera do resgate, é que tiveram a pista final em relação ao local onde Cleo se encontrava.

Final feliz

Cleo foi resgatada esta terça-feira, 2 de novembro, de uma casa nos arredores da cidade de Carnarvon (a sua cidade natal), a 75 km do parque de campismo de onde desapareceu. A polícia australiana publicou um vídeo mostrando a menina a ser retirada da casa, ao colo de um dos agentes.

Cleo Smith. Criança de quatro anos que estava desaparecida na Austrália encontrada com vida

Foram quatro os agentes que entraram na casa para resgatar Cleo. O subcomissário da polícia Col Blanch usa a expressão “agulha num palheiro de dados” para explicar como as pistas conduziram a equipa ao local. “Literalmente, isto foi uma agulha num palheiro de dados, e os nossos agentes, investigadores e análises muito, muito bons naquela task force, encontraram  essa agulha muito tarde na noite passada e, como resultado, executaram o mandado… simplesmente incrível.”

O suspeito

Só há um suspeito: tem 36 anos e é desconhecido da família. Foi detido para interrogatório, estará a colaborar com a polícia e até ao momento não se sabe mais nada sobre a investigação que está a ser conduzida sobre ele.