Antes de se aventurar pelo Valencia, pelo FC Porto, pelo Wolverhampton e até pelo Tottenham, acabando por ser despedido dos spurs na passada segunda-feira, Nuno Espírito Santo começou a carreira de treinador no Rio Ave. Levou os vilacondenses às finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal, conduzindo o clube às competições europeias pela primeira vez na história, e ganhou os créditos que o catapultaram para aventuras no estrangeiro. Mas, ao que parece, fez ainda mais do que isso — lançou Ederson para o radar da seleção brasileira.

A história foi agora recuperada por Alexandre Gallo, antigo jogador que é agora treinador mas que também foi coordenador das camadas jovens da seleção do Brasil. Em 2014, Gallo viajou até à Europa para observar jovens jogadores brasileiros e passou por Portugal para assistir a um jogo de Danilo Barbosa, médio que está agora no Palmeiras e que na altura atuava no Sp. Braga. Devido à relativa proximidade geográfica, deslocou-se até Vila do Conde para ver um treino de um avançado e conversou com Nuno Espírito Santo, então treinador dos vilacondenses.

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“Ele falou comigo o tempo todo sobre as características dos jogadores, os números da temporada, etc. De repente, disse-me: ‘Gallo, nós temos aqui um guarda-redes brasileiro que é muito bom e está em idade olímpica. Vocês não devem conhecer porque ele não tem o registo no Brasil. Vamos ver o treino dele’. Fomos em seguida. Ficámos sentados no banco e começámos a observar. Era um guarda-redes rápido e muito forte fisicamente, além de extremamente técnico com o pé. Sabe quem era? O Ederson”, contou Alexandre Gallo à ESPN, recordando que o jogador estava fora das cogitações das seleções por ter completado a formação já em Portugal, no Benfica.

O resto, como se sabe, é história. Ederson voltou ao Benfica em 2015/16, tornou-se titular dos encarnados e explodiu o suficiente para ser contratado pelo Manchester City em 2017 e assumir a baliza da seleção brasileira. Esta quarta-feira, de forma natural, era também o dono das redes dos citizens na receção ao Club Brugge, onde os ingleses procuravam responder à derrota na Premier League contra o Crystal Palace e distanciar-se dos belgas para garantir o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Guardiola poupou Rúben Dias e De Bruyne mas manteve a titularidade de Bernardo Silva e João Cancelo e lançou Mahrez, Phil Foden e Jack Grealish no trio ofensivo.

O Manchester City abriu o marcador logo à passagem do primeiro quarto de hora, por intermédio de Foden (15′) e com passe de Cancelo, mas viu um autogolo de John Stones restabelecer a igualdade pouco depois (17′). O jogo foi empatado para o intervalo mas, já na segunda parte, impôs-se a lei do mais forte: Mahrez repôs a vantagem também com assistência de Cancelo (54′), Sterling aumentou os números depois de um passe de Gündoğan (72′) e Gabriel Jesus, que entretanto já tinha entrado para o lugar de Grealish, confirmou a goleada já nos descontos (90+2′) e novamente com Cancelo a servir.

Com esta vitória e com o empate do PSG na Alemanha contra o RB Leipzig, o Manchester City subiu à liderança do Grupo A com mais um ponto do que os franceses e está numa posição mais do que confortável para seguir em frente para os oitavos de final da Liga dos Campeões. No dia em que Alexandre Gallo contou como Nuno Espírito Santo foi a sorte de Ederson, a equipa de Guardiola soube fintar o azar de Stones para chegar à vitória.