Javier, de 58 anos, morreu esta quarta-feira. Foi a primeira pessoa a recorrer à eutanásia legal na Comunidade de Madrid, depois de a região ter demorado quatro meses a terminar o processo legal para pôr em prática a lei nacional espanhola.

Em declarações na véspera à Rádio Cadena Ser, Javier, que sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica, sublinhou que considerava que o seu pedido era um pedido por “dignidade”. “Era isso que estava a pedir aos políticos”, afirmou o espanhol.

Depois de tudo o que lutei, que isto tenha servido para alguma coisa. Agora já podem vir outros. Oxalá que não venha ninguém, mas… Já têm o caminho feito”, acrescentou.

A eutanásia foi legalizada pelo Congresso dos Deputados espanhol em junho deste ano. A lei prevê que ela possa ser aplicada a doentes que tenham “uma doença grave e incurável” que afete a sua autonomia e que provoque “sofrimento físico ou psíquico constante e intolerável”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na Comunidade de Madrid, porém, ainda não tinha sido possível aplicá-la a nenhum paciente que a tivesse requisitado. Isto porque, como explica o El País, ainda não tinha sido criada a comissão obrigatória por lei que dá ou não luz verde a cada caso. Esta passou a estar ativa a partir de 19 de outubro, tendo o pedido de Javier sido o primeiro autorizado.

A neurologista que acompanha este espanhol deu-lhe a notícia de que o seu caso tinha sido aprovado na terça-feira. Perguntou quando desejava que a eutanásia fosse aplicada e o doente respondeu-lhe que desejava que fosse logo no dia seguinte.

Na última entrevista à Cadena Ser, Javier disse que desejava que fosse tocada música dos Depeche Mode. “Ponham-na em minha honra”, afirmou, com uma gargalhada. “Tenho sentido de humor. Às vezes também choro, mas quero partir e vou feliz.”

O projeto de lei relacionado com a eutanásia em Portugal vai voltar a ser discutido no plenário esta quinta-feira, depois do veto presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa. O Observador avançou que a bancada parlamentar do PSD terá liberdade de voto.

Grupo Parlamentar do PSD vai propor liberdade de voto na eutanásia, apesar de criticas à votação na “25ª hora”