A divisão policial da PSP da Figueira da Foz foi reforçada com mais 12 polícias, três chefes e nove agentes, no âmbito do processo de mobilidade nacional da Polícia de Segurança Pública, disse fonte policial.

Em declarações à agência Lusa, fonte da PSP revelou que houve uma “transferência de efetivos” a nível nacional “com efeitos ao final de outubro, inícios de novembro”, e que a divisão policial da Figueira da Foz, adstrita ao Comando Distrital de Coimbra, “também recebeu mais pessoal”.

De acordo com fontes policiais, nos últimos meses o efetivo policial da Figueira da Foz tinha ficado reduzido em cerca de dezena e meia de agentes, nomeadamente em consequência de aposentações.

A mesma fonte recusou, por outro lado, que o reforço do dispositivo na área urbana do município litoral do distrito de Coimbra esteja relacionado com o tiroteio e as agressões que ocorreram na madrugada de 24 de outubro, na zona turística do chamado Bairro Novo, junto ao Casino local, onde se concentram bares e restaurantes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

PSP investiga tiroteio e agressões na madrugada de domingo na Figueira da Foz

“Aparecer agora mais efetivo não é uma consequência direta [do que sucedeu]. Não houve um reforço da Figueira da Foz derivado de qualquer outro fator que não seja o mecanismo normal de mobilidade da Polícia de Segurança Pública a nível nacional. A feliz coincidência é que foi agora”, reforçou.

A mesma fonte explicou que a transferência de agentes “decorre do equilíbrio do efetivo da PSP a nível nacional“.

Este equilíbrio, sustentou, parte de um número de efetivos atribuído a cada Comando Distrital, para então definir quantos polícias, chefes e agentes, para eles transitam.

Questionada sobre as queixas de falta de policiamento e de alegada insegurança no Bairro Novo, formuladas por empresários e comerciantes daquela zona da Figueira da Foz, a fonte da PSP frisa que a suposta falta de meios policiais “é descontextualizada, consoante quem a interpreta”.

“Há uma difusão do conceito de segurança versus o conceito de liberdade. Os mais velhos, acima dos 45, 50 anos, habituados a ter polícia à porta de tudo e todos, quando não veem um polícia fardado pensam que há insegurança. E os mais novos pensam que há algum problema, que pode resultar no constrangimento da sua liberdade, quando há polícia presente”, argumentou.

Por outro lado, durante “as últimas duas a três décadas”, as competências e funções da PSP aumentaram, sendo “incontornável” que o efetivo policial diminuiu nos últimos anos.

Dados do portal Pordata, consultados pela Lusa, apontam para uma diminuição gradual de pessoal ao serviço da PSP entre 2016 e 2019 (de 21.508 para 20.719), enquanto os números oficiais do Relatório Anual de Segurança Interna de 2020, situavam os recursos humanos da Polícia de Segurança Pública nos 19.825 — 16.861 agentes, 2.158 chefes e 806 oficiais — a 31 de dezembro de 2020.

Sobre o tiroteio na Figueira da Foz, ocorrido em 24 de outubro e que não provocou feridos — no qual um homem, segundo um vídeo publicado nas redes sociais e visando aparentemente outras pessoas, dispara dois tiros, um para o ar e outro a direito — a fonte da PSP classificou a situação como “um episódio isolado”.

“Mas não deixa de ser censurável”, acrescentou, revelando que a investigação, numa primeira fase atribuída à PSP, passou para a Polícia Judiciária.

Quanto ao sistema de videovigilância na Figueira da Foz, constituído por 12 câmaras, a fonte da PSP indicou que ele estará “em vias de avançar”, depois de o Governo, através do secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, o ter autorizado, em finais de agosto.

Protocolado com a PSP (que será responsável pela videovigilância, através do Centro de Comando e Controlo de Coimbra), o projeto foi desenvolvido pelo anterior executivo municipal, que elaborou o caderno de encargos e deixou, em período de pré-campanha eleitoral, o concurso público pronto a ser lançado, tendo a sua implementação transitado para a atual Câmara Municipal.